CNJ amplia cotas raciais de 20% para 30% em concursos do Judiciário

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou nesta terça-feira (11) uma resolução que amplia de 20% para 30% o percentual mínimo de cotas raciais em concursos públicos do Judiciário. A nova norma também passa a incluir indígenas e quilombolas entre os beneficiários e alinha regras internas do órgão à lei nº 15.142/2025, que redefiniu a política de cotas no serviço público federal.
 

A medida será aplicada em concursos com duas ou mais vagas. Além da ampliação, a resolução estabelece o procedimento obrigatório de heteroidentificação e critérios específicos para a confirmação da autodeclaração de indígenas e quilombolas.
 

O texto define que 25% das vagas serão destinadas a pessoas pretas e pardas, 3% a indígenas e 2% a quilombolas, totalizando 30% de reserva. Há ainda a possibilidade de editais específicos distribuírem até 10% das vagas entre indígenas e quilombolas de maneira diversa, respeitando um mínimo de 20% a pretos e pardos. A informação foi compartilhada pelo CNJ à reportagem. O ato normativo ainda não havia sido disponibilizado até a publicação deste texto.

A reportagem mostrou em 2023 que, até então, apenas duas em cada cinco vagas reservadas a pessoas negras nos concursos da magistratura estadual haviam sido efetivamente preenchidas. Na Justiça Federal, o número de magistrados aprovados por cota era inexistente. 

Para o sociólogo Márcio José de Macedo, professor e coordenador de diversidade da FGV EAESP, a mudança é positiva, mas não deve, sozinha, alterar a composição do Judiciário. 

“De maneira geral, apenas o estabelecimento de uma política de cotas não garante que ela será bem-sucedida”, afirma. A concorrência para a magistratura é alta, e a preparação para os concursos tem custos elevados, o que limita o acesso de pessoas negras, indígenas e quilombolas, segundo o professor.

“O universo da magistratura é ainda bastante homogêneo em origens de classe, raça e gênero. A maioria dos juízes, promotores e desembargadores é formada por homens brancos originários das camadas média e alta da sociedade brasileira”, diz.
 

Para Macedo, o efeito disso é que muitos candidatos e candidatas dos grupos historicamente marginalizados intuitivamente não identificam essa carreira como uma possibilidade e se autoexcluem dos concursos mesmo com a oferta de reserva de vagas.

Ele afirma que a reserva de vagas é necessária, mas só funciona com o envolvimento institucional em identificar e superar suas próprias desigualdades estruturais.
 

A conselheira do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) Karen Luise de Souza, que já foi juíza auxiliar da presidência do CNJ, apresentou nesta mesma terça proposta semelhante, para elevar a reserva mínima nos concursos do Ministério Público para 30% —25% para pessoas negras (pretas e pardas), 3% para indígenas e 2% para quilombolas. 

“Esperamos contemplar mais pessoas indígenas e quilombolas e deixar claro o projeto de Ministério Público que se pretende adotar: plural, diverso e espelho da sociedade”, afirma. 

Os concursos, além de inscrições, envolvem deslocamentos e hospedagens de candidatos durante o processo seletivo. Essas despesas, diz, muitas vezes inviabilizam a participação de quem vem de contextos sociais menos favorecidos. Por isso, programas de bolsas são fundamentais para que esses candidatos possam competir em igualdade de condições. 

“Há uma distância muito grande entre a instituição e o país real”, afirma.

Espaço das Artes RV encerra temporada de Shakespeare no Sisal com entrada gratuita em Teofilândia

O Espaço das Artes RV celebrou, na noite do último sábado (26), a quarta e última apresentação do espetáculo Shakespeare no Sisal, que levou ao palco uma mistura de dramaturgia clássica e identidade regional. Com entrada gratuita, o projeto – idealizado pela atriz teofilandense Rose Irene Visitação – contou com elenco formado por moradores da cidade, unindo crianças, adolescentes e adultos em uma experiência artística que vai além do entretenimento.

Shakespeare no Sisal surge como um projeto que transcende o palco, promovendo inclusão e valorização cultural em Teofilândia, município localizado no semiárido baiano. Com linguagem acessível e adaptações que dialogam com a realidade local, a peça reconta obras do dramaturgo inglês William Shakespeare, mesclando elementos do teatro tradicional com referências à cultura local.

Além de entreter, o espetáculo se consolidou como uma ferramenta de transformação social.
Rose Irene Visitação, idealizadora e diretora da montagem, informou que a iniciativa ofereceu oficinas preparatórias para a comunidade, capacitando participantes em técnicas de interpretação, cenografia e produção cultural.

A realização do projeto foi viabilizada através de patrocínio do Banco BV, em parceria com o Ministério da Cultura, reforçando o compromisso de instituições públicas e privadas com a democratização da arte em regiões fora dos grandes centros urbanos.

Curta-metragem “A Herança das Rezas de Itapiru” resgata espiritualidade popular e ancestralidade no território do sisal

Documentário participativo, dirigido por artistas de Teofilândia, denuncia o apagamento das tradições e propõe um cinema feito com e para o povo do território sisaleiro.

No coração do território do sisal, onde o tempo pulsa em silêncio entre pedras, rezas e resistências, nasce o curta-metragem A Herança das Rezas de Itapiru. O documentário participativo, realizado em Teofilândia, cidade da região sisaleira da Bahia, lança luz sobre as práticas espirituais das rezadeiras e dos pais de santo, personagens centrais na manutenção das memórias e da saúde emocional de suas comunidades.

Mais do que um registro histórico, o filme é um gesto político de afirmação cultural, denunciando o avanço do esquecimento e o desmonte simbólico que atinge as tradições populares do interior baiano. Ao focar nas vozes de mulheres e lideranças espirituais que mantêm vivas práticas como os benzimentos, orações e rituais, o documentário oferece um raro contraponto às narrativas oficiais que costumam ignorar ou marginalizar esses saberes ancestrais.

Dirigido por Dudu Lima e Adrielle Paixão, artistas do território de identidade do sisal da Bahia.
Para Dudu, o filme é também um ato de afeto e retribuição: “Fui rezado por minha bisavó. Cresci vendo a força dessas mulheres, e hoje percebo como essas práticas estão sendo silenciadas. Este filme é um chamado para que não deixemos morrer o que nos sustenta.” O curta propõe um reencontro com a ancestralidade e uma valorização da espiritualidade que emana do povo, do chão, do saber oral que passa de geração em geração.

A produção foi colaborativa e horizontal. O projeto já nasce com a identidade fincada no território: o nome Itapiru, de origem tupi-guarani, significa “repleto de pedras” ou “pedra fina” uma metáfora perfeita para a resistência silenciosa, porém firme, da cultura popular.

Num tempo em que a cultura do interior é sistematicamente invisibilizada por políticas públicas urbanocêntricas e por uma indústria cultural que marginaliza vozes periféricas, A Herança das Rezas de Itapiru se levanta como um manifesto audiovisual. É cinema de dentro, feito por quem vive o chão que filma. É resistência, espiritualidade e memória em movimento no sertão.

Assista ao documentário clicando aqui.

Artista Raimundo Carvalho lança livro “FLORES – SENDO” em Teofilândia

O artista plástico, professor e poeta Raimundo Carvalho lançou “FLORES – SENDO”, livro que condensa cinco centenas de escritos poéticos marcados por ancestralidade indígena, memórias afetivas e um manifesto sobre viver “poeticamente”. O evento de lançamento aconteceu nesta sexta-feira (23), das 09 às 21h, no teatro do CETIT – Colégio Estadual de Tempo Integral de Teofilândia. Os exemplares serão doados para escolas públicas municipais e estaduais do município.

Mestrando em Relações Étnicas e Contemporaneidade (PPGREC/UESB) e licenciado em Filosofia pela UFBA, Carvalho tem uma trajetória que une academia, arte visual e literatura. Suas pinturas já percorreram galerias dos Estados Unidos, Europa e diversas cidades brasileiras, mas é nas raízes baianas — especialmente nas lições de sua avó Florença e de sua mãe Lindaura — que ele busca inspiração para a escrita.

“Minha herança é o ‘Aprender a Ser Sendo'”, explica o artista, que também prepara o lançamento de uma marca de roupas com estampas de suas telas pintadas à mão em tecido e algodão.

Poesia como ato político e existencial

Financiado pela Lei Aldir Blanc Municipal, o livro é um convite à comunhão com a vida, longe da “esquizofrenia coletiva do Ter”. Os textos celebram a rebeldia das flores — símbolos de autenticidade e resistência — e propõem um “enamoramento fértil” com o Bem Viver. “Flores-Ser-Sendo é trilhar vias próprias, sem cartilhas coloniais. É respirar a vida em plenitude, com leveza e afeto”, define Carvalho, cuja escrita exalta a “boniteza como revolução sensível”. A obra critica o colonialismo anestesiante que, segundo ele, ancora a sociedade no acúmulo e esvazia a essência humana.

Copa Fedão: ARDT vence a primeira, e Maricota segue invicta; confira os resultados

Sexta e sábado são dias de Copa Fedão de Futsal, disputada na quadra José Hermógenes, no centro de Teofilândia. O torneio terá duração de aproximadamente 30 dias.

Na 3ª rodada, realizada na sexta-feira (09 de maio), os jogos foram:

  • Maria Preta 5 × 1 Baba do Galo
  • Maricota 3 × 2 Lagoa do Canto

No sábado, pela 4ª rodada, os resultados foram:

  • Baba do Gole 3 × 1 Limeira
  • ARDt 6 × 3 Clínica São Matheus FC

Exposição colaborativa leva arte fotográfica às ruas de Teofilândia com oficina de lambe-lambe

Neste sábado (10/05), o Cineco, em Teofilândia (BA), sediará a oficina de colagem com técnica de lambe-lambe para a montagem da exposição ao ar livre “Às Ruas: Volto pra Ser”. A atividade, mediada pela artista visual coiteense Íris Brito Lopes, marca o início de uma intervenção urbana colaborativa que ocupará espaços públicos da cidade com fotografias de artistas locais, promovendo arte acessível e diálogos sobre identidade e migração.

A exposição é uma extensão do projeto “De dentro pra fora, volto pra ser!”, da fotógrafa teofilandense Adrielle Paixão, lançado em 2021 pela Lei Aldir Blanc. A obra original documenta o fenômeno migratório entre Teofilândia e Florianópolis (SC), reunindo 40 imagens disponíveis virtualmente. Agora, parte desse acervo ganhará as ruas, junto a trabalhos de outros artistas selecionados por curadoria, em uma proposta que ressignifica a fotografia como arte democrática e espelho da ancestralidade.

Arte como ciclos de memória

Inspirada no conceito africano Sankofa — que simboliza a importância de revisitar o passado para construir o futuro —, a mostra mistura registros do projeto de Adrielle com novas criações. “Retomar essas imagens é fortalecer nossa história. O passado ilumina o presente e vira semente para o futuro”, explica a artista, que é comunicóloga e negra, destacando a potência visual de sua obra como ferramenta de resistência.

A técnica do lambe-lambe, empregada pela coiteense Íris Brito Lopes (conhecida como Retina Retinta), amplia o impacto da exposição. “Levar fotos para as ruas cria diálogos inesperados com quem circula na cidade. A arte viva no cotidiano”, afirma Íris, referência em intervenções urbanas na Bahia.

Inclusão e colaboração

Além de democratizar o acesso à arte, o projeto valoriza artistas locais: as fotos expostas foram selecionadas via edital online, e a montagem será feita coletivamente na oficina. O objetivo é transformar espaços públicos em lugares de encontro e reflexão, conectando moradores às suas raízes e às narrativas migratórias que moldaram a região.

Lançado documentário que questiona a história da origem de Teofilândia

E se a história de Teofilândia não fosse exatamente como você sempre ouviu? O documentário “Teofilândia: Desvendando Raízes Ocultas” desafia a narrativa comum dos vaqueiros que encontraram o Tanque de Pedras e traz à tona um passado mais profundo, repleto de contribuições de indígenas e escravizados fugidos.

Idealizado e dirigido pelo jornalista Saullo d’Anunciação, com apoio da Lei Paulo Gustavo Municipal, o documentário reúne pesquisadores, historiadores e entusiastas do tema num convite ao questionamento de nossas origens.

“A inspiração para o projeto nasceu da observação das lacunas na narrativa oficial de Teofilândia. Embora a gente não tenha fontes documentais, existem fortes indícios da raiz sobretudo indígena em nossa cidade”, pontuou o autor do documentário.

Assista na íntegra clicando aqui.

Homem é preso por tráfico de drogas e porte ilegal de arma em Teofilândia

Na noite de ontem, quinta-feira (24), uma equipe do 1º Pelotão CETO do 16º Batalhão de Polícia Militar prendeu um homem de 25 anos por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo, na bairro Maricota, próximo à BR-116, em Teofilândia. A ação ocorreu durante a Operação Cidade Mais Segura, que visa intensificar o combate ao crime e aumentar a sensação de segurança nos municípios da região.

Ao receber denúncias sobre ameaças a moradores e atividade de tráfico de drogas, a guarnição iniciou rondas às margens da BR-116. O suspeito, ao perceber a aproximação policial, tentou fugir, mas foi alcançado e detido. Durante a abordagem, foi encontrado um revólver calibre .32 na linha de cintura do homem, carregado com cinco munições — quatro tipo canto-vivo e uma ogival. Na mochila do suspeito, os policiais encontraram um tablete de maconha pesando 269 gramas, três celulares, um facão e outros objetos.

Após receber voz de prisão, o acusado foi conduzido à Delegacia de Serrinha, onde serão adotadas as providências legais. A Operação Cidade Mais Segura, deflagrada pelo Comando do 16º BPM, busca apreender armas, drogas e entorpecentes, além de recuperar veículos roubados ou furtados e cumprir mandados de prisão em aberto na área de atuação da unidade.

Foto: ASCOM do 16º BPM

Rapper teofilandense lança videoclipe através da Lei Paulo Gustavo Municipal

A rapper teofilandense Paula Ana, 27, lançou recentemente o seu novo videoclipe da música ‘Mente Sã 2’, a produção faz parte da Lei Paulo Gustavo Municipal.

Mente Sã parte 2 é um trabalho que parte das inquietações da artista Paula Ana ao pensar sobre o futuro, que dialoga também com o enredo da sua trajetória artística, já que, seu primeiro EP de rap teve como tema a história da sua cidade, num diálogo entre o passado e presente, uma das suas músicas foi Mente Sã; de forma que Mente Sã parte 2 a desafia a projetar o novo, imaginando quais futuros podem ser construídos através da coletividade e da paixão pela vida, para manter a saúde mental e física.

O videoclipe é assinado pelo artista visual Nilcley Motion, a partir das técnicas de animação em colagem, contendo ilustrações de Maxwell Santos e Felipe Pinheiro. Além deles, o videoclipe conta com interpretação de Libras por Neuro Nego, fotografias de Adrielle Paixão e maquiagem por Luana Santos.

Vários projetos foram aprovados em Teofilândia através do edital da Lei Paulo Gustavo Municipal nas áreas de música, dança, pintura, escultura, cinema, fotografia, artes digitais, entre outros. A maioria do recurso foi destinado para o audiovisual.

Assista ao videoclipe clicando no link abaixo:

Primeiro curso de audiovisual é promovido em Teofilândia; saiba como participar

O Laboratório de Formação Audiovisual Mata Branca será realizado entre os dias 22 e 30 de julho, no Colégio Estadual de Teofilândia (CET).

O evento contará com aulas de Fotografia com o Celular, Filmagem, Atuação e Edição de Vídeos, além disso, a abertura do laboratório será uma roda de conversa com o tema “Cinema na Pedra: é possível fazer filmes em Teofilândia?” e finalizará com exibição de filmes inéditos produzidos no município pela Lei Paulo Gustavo.

A proposta do laboratório é promover um espaço de formação profissional, com fundamentos básicos da produção audiovisual – que alia o áudio e a imagem para construir narrativas.

As formações serão gratuitas e serão disponibilizados certificados de participação para todas as pessoas que se inscreverem. As inscrições estão abertas até o dia 12/07.

“É uma enorme satisfação produzir um evento como esse em Teofilândia e trazer novas perspectivas profissionais e culturais para o município. Além do mais, vai ser uma grande oportunidade para juntar artistas do cinema e do audiovisual da nossa cidade e da região nessa programação que foi pensada com muito carinho e cuidado para garantir um grande momento”, afirmou Ana Paula Santos, a produtora do laboratório ao T.A.

O Laboratório tem grandes presenças confirmadas e todas já estão divulgadas no Instagram do evento: @labmatabranca.

O formulário para inscrição está nesse link:

https://forms.gle/AqR3t1meTVjFoBzp6

O Laboratório de Formação Audiovisual Mata Branca tem apoio e patrocínio da Lei Paulo Gustavo Municipal.

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