PDT baiano confirma presença de Ciro Gomes no Dois de Julho

O ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato à presidência da República pelo PDT, deverá participar do desfile do Dois de Julho, em Salvador, data em que é celebrada a Independência da Bahia. A informação foi confirmada, nesta quinta-feira (2), pelo presidente do PDT baiano, Félix Mendonça Júnior, à rádio Metrópole FM.

No estado, eventos de rua são usados como termômetro para medir a aceitação do público com os políticos, principalmente em ano eleitoral. Até o momento, Ciro é o primeiro pré-candidato a presidente a confirmar a presença no 2 de Julho.

Justiça suspende ‘Festa da Banana’ com Gusttavo Lima em cidade da Bahia; entenda

A juíza de direito Luana Martinez Geraci Paladino decidiu na manhã desta sexta-feira (3) por impedir a realização da XVI Festa da Banana, prevista para acontecer entre os dias 4 e 13 de junho na cidade de Teolândia, região sul do estado. 

O Ministério Público havia ajuizado uma ação civil pública (veja aqui), considerando os extratos contratuais localizados no Diário Oficial do Município e estimativa de custo para atrações anunciadas, as despesas para realização da festividade ultrapassariam R$ 2 milhões. A realização do evento seria a realização de um sonho da prefeita do município, Maria Baitinga de Santana (lembre aqui).

Cinco atrações confirmadas no evento chegam ou superam a cifra de R$ 100 mil: Gusttavo Lima (R$ 704 mil), Unha Pintada (R$ 170 mil), Adelmário Coelho (R$ 120 mil), Marcynho Sensação (R$ 110 mil) e Kevy Jonny e Banda (R$ 100 mil).

A magistrada ainda determinou a suspensão de energia elétrica nos locais previstos para a realização dos shows e que sejam lacrados os aparelhos de som alocados no local onde se realizarão os eventos festivos, até ordem judicial em contrário. 

Bahia volta a ter mais de 850 casos ativos de Covid-19, após quase 2 meses

A Bahia voltou a registrar, nesta quarta-feira (1), um quantitativo maior que 850 casos ativos de Covid-19. A marca não era alcançada desde o dia 11 de abril deste ano, quando 883 pessoas estavam com a doença. 

Entre terça-feira (31) e quarta (1), 472 novos casos foram identificados e um óbito foi registrado, segundo a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab).

Desde 6 de março de 2020, data em que o primeiro paciente com o coronavírus foi confirmado, 29.939 mortes foram contabilizadas em território baiano por conta de complicações causadas pela infecção.

A taxa de ocupação de leitos de UTI adulto exclusivos para a Covid-19 era de 15% nesta quinta-feira (2). As unidades pediátricas, no entanto, apresentavam uma taxa de 78%.

‘DESFLEXIBILIZAÇÃO’ DO USO DE MÁSCARAS
Devido ao aumento de casos, cidades baianas voltaram a ter o uso de máscaras como uma medida obrigatória. Foi o caso de Guanambi, no Sertão Produtivo, que na última terça determinou a cobrança do item em lugares fechados (relembre aqui).

De acordo com o decreto, em caso de descumprimento da ordem, serão adotadas medidas de polícia administrativa, que vão desde advertência a suspensão temporária, interdição de estabelecimento ou mesmo cassação de alvará, independentemente de acionamento de força policial.

Em Jacobina, Yamana Gold é vendida por 6,7 bilhões de dólares

A mineradora Yamana Gold, que atua na cidade de Jacobina, na região da Chapada Diamantina, foi vendida para o grupo sul-africano Gold Fields. A informação foi confirmada pela Jacobina Mineração Yamana Gold nesta terça-feira (31). Os trâmites de compra e venda serão finalizados no 2º semestre de 2022. A Gold Fields manterá sua presença em todas as regiões e continuará a manter os compromissos com as comunidades e colaboradores. As operações de Jacobina seguirão normalmente.

A aquisição total das ações custou 6,7 bilhões de dólares (cerca de R$ 32,2 bilhões na cotação atual). De acordo com o Financial Times, o acordo criará uma mineradora com produção anual de ouro de cerca de 96,4 toneladas, superando a rival sul-africana AngloGold Ashanti, se tornando, assim, o quarto maior grupo de mineração de ouro do mundo, atrás das empresas Newmont, Barrick e Agnico.

A Gold Fields Limited possui nove minas em operação na Austrália, Chile, Gana, Peru e África do Sul, incluindo a Asanko Joint Venture em Gana. Ainda de acordo com o Finacial Times, atualmente, o grupo sul-africano produz cerca de 68 toneladas de ouro por ano e, também, está desenvolvendo seu principal projeto de crescimento, Salares Norte, no Chile. Já a Yamana, é focada nas Américas, com unidades no Canadá e Chile.

Com a fusão das duas companhias, a Gold Fields se torna uma produtora de ouro com maior vida útil . Em nota, a Jacobina Mineração Yamana Gold informou que a Gold Fields pretende chegar em 2024 como a 3º maior produtora, sendo uma potência global da mineração do ouro. Chris Griffith, executivo-chefe da Gold Fields, disse que a principal razão para a compra da Yamana é criar um motor de crescimento para além dos próximos quatro anos, quando sua produção começará a cair após o desenvolvimento do Salares Norte.

“O que queríamos fazer era aumentar nosso pipeline, aumentar nossas operações na América do Sul e ter presença no Canadá”, comentou em entrevista ao Financial Times. Sobre a operação em Jacobina, a Gold Fields demonstra que o município está em seu plano de investimento e crescimento e que os excelentes resultados de segurança, ESG, produção e custo operacional de Jacobina foi um dos pontos que chamou a atenção dos investidores para a concretização do investimento.

“A Yamana e a Gold Fields também têm culturas e valores corporativos complementares com um modelo operacional ESG (ambiental, social e governança) em primeiro lugar com um forte foco no apoio às comunidades anfitriãs e na gestão ambiental”, concluiu a nota da Jacobina Mineração Yamana Gold.

Jovem é preso suspeito de comprar celulares com comprovantes falsos de PIX e transferências bancárias em Conceição do Coité

Um jovem de 18 anos foi preso suspeito de cometer estelionatos nesta terça-feira (31), na cidade de Conceição do Coité, a 35 km de Serrinha. De acordo com a Policia Civil de Conceição do Coité, a prisão aconteceu na rua Daniel Araújo Mota, no Bairro Sonho Meu. As investigações da unidade apontaram que o suspeito abordava as vítimas através das mídias sociais.

O suspeito escolhia pessoas que disponibilizavam telefones para vender celulares na internet. Ele entrava em contato com as pessoas e compravam os aparelhos. Segundo a polícia, o jovem enviava comprovantes falsos de PIX ou transferências bancárias. Depois, pedia pra pessoa entregar o celular a algum mototaxista ou motoristas de transporte alternativos.

O golpe era aplicado em pessoas de várias cidades na região, como Conceição do Coité, Serrinha, Riachão do Jacuípe e Retirolândia. Foram apreendidos 14 celulares, que foram levados para a Delegacia de Conceição do Coité e serão devolvidos aos donos.

Começa hoje a tradicional Trezena de Santo Antônio de Teofilândia; confira a programação dos shows

A Tradicional Trezena de Santo Antônio de Teofilândia começa nesta quarta-feira, 1º de junho. A grade de atrações foi divulgada pela Prefeitura nos últimos dias. O evento ocorre de 1 a 13 deste mês.

SHOWS

01/06
João Fábio
Santana e Magalhães

02/06
Robert Astro
Danadinho dos Teclados

03/06

João David Forrozeiro
Los Malvados

04/06
Bicho Mimado
Day do Acorden

05/06
Criativos do Forró
Kiko Brito

06/06
Edy Moreno
Dedos e Garganta

07/06
Robertinho da Pizada
Daniel Baiano

08/06
Forró Top
Elienson Queiroz

09/06
Sensação do Forró
Falção

10/06
Lukas Lima
Forró Esquenta
Vitor Lopes

11/06
Toque Dez
Eline Martins
Forró Balancear
Wilson Castro
Imperadores do Pizeiro
Thiago Aquino

12/06
Solange Almeida
Daniel Vieira
Caciques do Nordeste
Ray e Rick

13/06 – Encerramento

Bicho Mimado
Banda Católica





Deputado de Conceição do Coité desiste de reeleição para tratar câncer raro

O deputado estadual baiano Tom Araújo (União Brasil) anunciou que vai desistir de tentar a reeleição nas próximas eleições para se dedicar ao tratamento de um câncer raro. O deputado, que passou por uma cirurgia para retirada do tumor no intestino no ano passado, fez a revelação neste sábado (28) ao publicar um vídeo nas redes sociais.

“Depois de passar por esse momento tão difícil, ter descoberto um câncer raro no intestino, eu preciso cuidar um pouco de mim. Estou bem, mas preciso parar um pouco, cuidar mais da minha saúde, estar mais perto da minha família, fazer todas as minhas revisões. Por isso eu decidi não disputar as eleições de 2022”, escreveu.

“O amor que eu sinto por vocês jamais vai acabar, a nossa amizade foi construída com muito carinho e respeito. Estaremos sempre juntos, em todos os momentos”, finalizou. Tom Araújo foi prefeito de Conceição do Coité e está no terceiro mandato como deputado.

Prefeito Higo é o novo técnico de futebol da seleção de Teofilândia

O atual prefeito de Teofilândia, Higo Moura (Republicanos), é o novo técnico da Seleção Masculina de Futebol de Teofilândia. O gestor foi apresentado para os atletas recentemente. A estreia de Higo como técnico da seleção vai acontecer hoje, 28 de maio, contra a seleção tucanense, no Estádio Municipal Arlindão, na cidade de Tucano, que fica a 63km de Teofilândia. A partida é válida pela Supercopa do Sisal.

O Chefe do Poder Executivo Municipal sempre disputou campeonatos locais na cidade e é amante do esporte. A divulgação foi feita através da página oficial da Seleção de Teofilândia no Instagram. Na imagem divulgada, aparecem os times em que Higo jogou e os torneios que já disputou.

Os jogos têm início às 16h30 (feminino) e 18h00 (masculino). A Seleção Feminina é a líder absoluta, com 3 jogos, 3 vitórias e 9 pontos. Nossa Seleção Masculina está dentro do G4, com 3 jogos e 4 pontos.

Seleções de Teofilândia enfrentam Tucano amanhã

As Seleções Masculina e Feminina de futebol de Teofilândia, irão até a cidade de Tucano, que fica a 63km, para enfrentar as seleções tucaneses no próximo sábado, 28 de maio, pela Supercopa do Sisal. Os jogos têm início às 16h30 (feminino) e 18h00 (masculino), no Estádio Arlindão.

A Seleção Masculina de Teofilândia venceu o último jogo por 1 a 0, dentro de casa, contra Tanquinho, e segue com um empate, uma vitória e uma derrota na competição. Já a feminina, ainda não perdeu e soma 3 vitórias consecutivas, uma por W.O – quando uma equipe desiste ou não comparece ao jogo.

A Seleção Feminina é a líder absoluta, com 3 jogos, 3 vitórias e 9 pontos.
A Masculina está dentro do G4, com 3 jogos e 4 pontos.

Um em cada dez baianos não sabe ler e escrever

O simples ato de pegar um ônibus para se deslocar pela cidade, ou soletrar alguma palavra a pedido da filha de 10 anos, lembra a Ana Carolina, 36 anos, que ela não sabe ler. Natural de Castro Alves, no interior da Bahia, abandonou a escola cedo e ainda tentou retornar recentemente, quando a filha tinha dois anos, mas não continuou.

Mãe de mais dois filhos, a dona de casa acredita que o analfabetismo é a barreira que a separa do primeiro emprego. “Nunca trabalhei”, diz. Se pudesse, “tomaria conta de crianças, faria qualquer coisa” que a ajudasse dar o sustento para a filha caçula. Ela está entre os 12,9% da população baiana que vêm no analfabetismo uma barreira um abismo no exercício de uma cidadania plena.

Com base em dados nacionais, o movimento Todos pela Educação apresentou uma nota técnica mostrando que a pandemia do novo coronavírus agravou analfabetismo entre as crianças. Entre 2019 e 2021, o número de crianças que não sabiam de 6 e 7 anos que não sabiam ler passou de 1,4 milhão para 2,4 milhões.

“Eu não sei ler. Meu nome eu sei assinar, malmente. Tenho dificuldade de leitura, não sai nada”, explica Ana Carolina, que sonha em um futuro melhor para os filhos. O mais velho, de 20 anos, foi quem se saiu melhor até aqui, chegando à 6ª série do primeiro grau. Já o de 18 anos, recentemente retomou os estudos. Com os dois adultos, as atenções e esperanças da dona de casa se voltam para a caçula, que frequenta a escola pela manhã e, no turno oposto, participa do Projeto Axé.

“O que eu não aprendi, eu não quero para a minha filha. Não quero que ela seja igual a mim, quero que ela estude, quero que ela aprenda, é o único orgulho que eu espero que ela me dê”, diz.

Tamanho do problema – Desde 2016, quando que se iniciou a série de dados sobre educação da PNAD Contínua, a Bahia aparece com o maior número de pessoas de 15 anos ou mais de idade analfabetas do país. Além disso, esse grupo vem mostrando um viés de alta por dois anos seguidos e fez a taxa de analfabetismo no estado chegar a 12,9% em 2019, quando foram apresentados os dados mais recentes, frente os 12,7% registrados em 2018.

Em 2019, na Bahia, havia 1,524 milhão de pessoas nessa faixa etária que não sabiam ler nem escrever um bilhete simples. Em números absolutos, houve um crescimento de 2,8% na comparação com 2018 e de 3,0% em relação a 2016. Analfabeta,  Ana Carolina acredita que sua condição é a barreira que separa ela do primeiro emprego

Dos sete estados que tiveram aumento no número absoluto de analfabetos entre 2018 e 2019, cinco eram do Nordeste, o que contribuiu para que a região fosse a única do Brasil a apresentar alta na taxa de analfabetismo entre 2018 (13,87%) e 2019 (13,90%). “Embora o aumento pareça mínimo, é estatisticamente significativo e ocorre para um indicador sensível e que vinha em queda”, aponta Mariana Viveiros, supervisora de disseminação de informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Bahia.

No Brasil como um todo, a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade, em 2019, foi de 6,6%, contra 6,8% em 2018, com 11,041 milhões de analfabetos, o que representou uma queda de 1,1% na comparação com o ano anterior. Alagoas (17,1%) Piauí (16,1%) e Paraíba (16,0%) foram os estados com as  maiores taxas, enquanto Rio de Janeiro (2,1%), Santa Catarina (2,3%) e Rio Grande do Sul (2,6%) apresentaram as menores. Em relação à taxa, a Bahia aparece como o oitavo  estado com maior índice de analfabetismo.

“O Plano Nacional de Educação (PNE) determina que a taxa de analfabetismo no país fosse de no máximo 6,5% em 2015, meta ainda não atingida em 2019. A lei prevê a erradicação do analfabetismo no país até 2024”, destaca Mariana Viveiros.

Para a supervisora de disseminação de informação do IBGE, o analfabetismo na Bahia, assim como no Brasil em geral, está fortemente relacionado à idade, ou seja a um “estoque” de pessoas mais velhas que nunca chegaram a aprender a ler e escrever. “No estado, quase 9 em cada 10 analfabetos, em 2019, tinham 40 anos ou mais de idade (89,0% ou 1,356 milhão de pessoas), e pouco mais da metade (54,8% ou 835 mil) eram idosos, de 60 anos ou mais”, aponta.

Cerca 4 em cada 10 pessoas de 60 anos ou mais de idade na Bahia afirmavam ser analfabetas em 2019 (36,5% da população idosa), percentual que era quase o triplo do calculado para o total de pessoas de 15 anos ou mais (12,9%).

Ela acrescenta ainda uma relação com a desigualdade por cor ou raça. Na Bahia, a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade que se declaram pretas ou pardas (13,5%) é superior à dos que se declaram brancos (10,4%). E essa diferença aumenta muito entre os idosos: 39,2% dos pretos ou pardos são analfabetos, frente a 26,9% dos brancos.

“O crescimento da população que não sabia ler nem escrever entre 2018 e 2019 se deu exclusivamente entre pretos ou pardos (de 1,246 milhão para 1,296 milhão nessa condição). Entre os que se declaravam brancos, houve, na verdade, redução do número de analfabetos (de 226 mil em 2018 para 212 mil em 2019)”, explica.

Missão impossível – O professor Marcus Vinícius de Souza, mestre em Estudos de Linguagens e Oustanding Educator pela Universidade de Chicago, acredita que as quedas dos números relacionados ao analfabetismo no Brasil serão insuficientes para cumprir a meta de zerar o problema até 2025. “Os números que nós temos mostram que o Brasil tem uma tarefa complicada pela frente, que é erradicar o analfabetismo”, diz. “Temos um número ainda bastante considerável de crianças, adolescentes, jovens e adultos num volume muito alto”.

Para ele, o analfabetismo funcional e digital são consequências dos programas de alfabetização pouco qualificados. “Pessoas que aprenderam a ler e escrever mal estão chegando às universidades. Foram alfabetizadas de maneira precária e chegam sem conhecimento adequado ao ensino superior”, analisa. “Em muitas situações o conceito de saber escrever significa assinar o próprio nome, ler é conhecer o alfabeto, porém isso não muda a situação do indivíduo”, ressalta.

“Quando falamos em alfabetização, estamos tratando de algo que é básico para a cidadania, para o cumprimento de uma série de deveres e o exercício de direitos”, aponta o professor. “Hoje o analfabetismo ainda traz o agravante de afastar as pessoas do universo digital”, acrescenta, lembrando que diversos serviços públicos e oportunidades estão migrando para o mundo online.

Marcus Vinícius acredita que as políticas mais efetivas para o desenvolvimento da educação são exatamente aquelas que são capazes de manter o aluno na escola por mais tempo. “Os processos de escolarização nas séries iniciais normalmente funcionam bem. Os problemas surgem à medida em que o estudante avança porque a evasão escolar aumenta. Ou o aluno abandona, ou acaba concluindo muito mais velho do que deveria”.

O professor diz que é importante que as políticas educacionais tenham continuidade a longo prazo e deixem ser alteradas entre uma gestão e outra.  “Este é o problema no caso do analfabetismo, nas últimas décadas o índice diminuiu, mas quando olhamos os dados, tanto nacionais quanto da Bahia que hoje tem o maior número total de analfabetos, a queda não aconteceu na intensidade que era esperada”, ressalta. “Dificilmente o Brasil chegará à condição de erradicar o analfabetismo no prazo previsto”.

“Na Bahia, os dados do IBGE mostram que metade da população tem apenas o ensino fundamental. Mesmo as pessoas que evoluíram em relação ao analfabetismo ainda assim passaram muito pouco tempo na escola”, pondera.

Pandemia – Entre 2019 e 2021, houve um aumento de 66,3% no número de crianças de 6 e 7 anos de idade que, segundo seus responsáveis, não sabiam ler e escrever. Eram 1,4 milhão de crianças nessa situação em 2019 e 2,4 milhões em 2021. Em termos relativos, o percentual de crianças de 6 e 7 anos que, segundo seus responsáveis, não sabiam ler e escrever foi de 25,1% em 2019 para 40,8% em 2021.

Os dados mostraram que os últimos dois anos reforçaram diferenças sociais e de cor. Dentre as crianças mais pobres, o percentual das que não sabiam ler e escrever aumentou de 33,6% para 51,0% entre 2019 e 2021. Dentre as crianças mais ricas, por outro lado, o aumento foi de 11,4% para 16,6%.

Os percentuais de crianças pretas e pardas de 6 e 7 anos de idade que não sabiam ler e escrever chegaram a 47,4% e 44,5% em 2021, sendo que, em 2019, eram de 28,8% e 28,2%. Entre as crianças brancas, o percentual passou de 20,3% para 35,1% no mesmo período.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) destaca a importância da alfabetização nos primeiros anos de vida das crianças, de maneira que “se apropriem do sistema de escrita alfabética de modo articulado ao desenvolvimento de outras habilidades de leitura e de escrita e ao seu envolvimento em práticas diversificadas de letramentos”. A não-alfabetização das crianças em idade adequada traz prejuízos imensos para suas aprendizagens futuras, o que também eleva os riscos de uma trajetória escolar marcada por reprovações, abandono ou evasão escolar.  

Ivan Gontijo, coordenador de políticas educacionais do movimento Todos pela Educação, avalia que “os números ruins na Bahia relacionados ao analfabetismo fazem parte de um conjunto de indicadores preocupantes” na área. “O contexto educacional na Bahia é muito desafiador, os próprios resultados do estado no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) estão entre os piores do país no ensino médio, o que é bem preocupante”, avalia.

“É claro que a Bahia tem vários desafios socioeconômicos, mas existem estados em condições muito parecidas, eu cito o Ceará e Pernambuco, que conseguem apresentar desempenhos melhores”, ressalta.

Além da quantidade de pessoas que não sabem ler e escrever, ele acrescenta o desafio de melhorar a qualidade do ensino. Ele cita como exemplo o Saeb, exame realizado em 2019 para avaliar crianças no segundo ano do ensino fundamental. “Em termos de proficiência, a média do Brasil foi de 750 pontos, enquanto a da Bahia ficou em 738 pontos, baixo da média brasileira e, entre as 27 unidades da federação, aparece em 16º lugar”, afirma.

Ele diz que os fatores socioeconômicos são importantes para entender o problema, apesar de não serem decisivos. “O Ceará é o estado com as melhores notas no Saeb e enfrenta dificuldades muito parecidas com as da Bahia. O que aconteceu de diferente lá foi a criação de um programa estadual para apoiar os municípios na alfabetização das crianças”, conta.

“Eu acredito que o problema da Bahia foi não ter conseguido estruturar um programa estadual robusto para a alfabetização. Isto pode explicar os resultados mais frágeis do estado”, avalia. “O governo estadual precisa olhar para o território e não apenas para a sua rede. Um aluno que está na rede municipal hoje, vai para a rede estadual amanhã, então por que não ajudar ele a chegar mais bem preparado?”, questiona.

A diretora pedagógica do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (ICEP), Bete Monteiro, lembra que o analfabetismo é um problema nacional. “Os dados da alfabetização no país são alarmantes, principalmente após os impactos da pandemia”, diz. “Nós tivemos um aumento expressivo no número de crianças entre 6 e 7 anos que não sabem ler e escrever. Esse é um dado absurdo”, acredita.

“Claro que este cenário foi potencializado por uma situação atípica, de uma pandemia, mas estamos diante de um quadro que é crônico, essa é a questão com que a escola pública se depara”, aponta.

Bete Monteiro acredita que é preciso olhar com atenção para o perfil socioeconômico das crianças que apresentam maiores dificuldades para a alfabetização. “Temos que olhar com mais cuidado para a situação das crianças pobres e as negras, porque as pesquisas estão indicando que são estes públicos que estão enfrentando mais dificuldade no processo”.

“A escola pública precisa pensar em que tipo de concepção de alfabetização vai desenvolver em suas práticas”, acredita. Ela cita experiências na Chapada Diamantina com resultados expressivos de alfabetização, em que as crianças conseguem aprender a ler e escrever no tempo correto. “Tendo acesso a práticas de alfabetização que dialogam com as práticas sociais de leitura e escrita que façam sentido para a realidade das crianças, o aprendizado é facilitado”, aponta.

Ela diz que ainda existem muitos programas de alfabetização que defendem o retorno à silabação e outros tipos de ações seriam retrocessos em relação ao que se sabe hoje sobre o processo de aprendizagem. “A ideia de que basta repetir palavras ou silabar como alfabetização é equivocada”, acredita.

“Nós defendemos uma abordagem construtivista, que levem em conta os contextos de vida em que as crianças, ou jovens e adultos estão inseridos, porque acreditamos que este pode ser o ponto de partida para eles no aprendizado a ler e escrever”, acredita. A abordagem é diferente da adotada em programas como o Topa, que centralizam o aprendizado em sílabas ou palavras, explica. “Mesmo que se diga que as palavras são contextualizadas, entendemos que inserir um jovem ou adulto num propósito comunicativo real, ele estará mais mobilizado a ler e a escrever”, acredita.

Para ela, o tipo de alfabetização utilizada pode ajudar a explicar as dificuldades que algumas pessoas tem para compreender textos mais longos e complexos. “O analfabetismo funcional é a realidade em que uma pessoa consegue escrever e soletrar palavras, mas não consegue, por exemplo, compreender o que diz um determinado texto. Métodos de alfabetização baseados em decodificação de palavras favorecem este tipo de situação”, acredita.

“Não temos como avançar em alfabetização e ensino, de maneira geral, enquanto não tivermos um programa de formação continuada para os nossos professores”, recomenda.

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