Curta-metragem “A Herança das Rezas de Itapiru” resgata espiritualidade popular e ancestralidade no território do sisal

Documentário participativo, dirigido por artistas de Teofilândia, denuncia o apagamento das tradições e propõe um cinema feito com e para o povo do território sisaleiro.

No coração do território do sisal, onde o tempo pulsa em silêncio entre pedras, rezas e resistências, nasce o curta-metragem A Herança das Rezas de Itapiru. O documentário participativo, realizado em Teofilândia, cidade da região sisaleira da Bahia, lança luz sobre as práticas espirituais das rezadeiras e dos pais de santo, personagens centrais na manutenção das memórias e da saúde emocional de suas comunidades.

Mais do que um registro histórico, o filme é um gesto político de afirmação cultural, denunciando o avanço do esquecimento e o desmonte simbólico que atinge as tradições populares do interior baiano. Ao focar nas vozes de mulheres e lideranças espirituais que mantêm vivas práticas como os benzimentos, orações e rituais, o documentário oferece um raro contraponto às narrativas oficiais que costumam ignorar ou marginalizar esses saberes ancestrais.

Dirigido por Dudu Lima e Adrielle Paixão, artistas do território de identidade do sisal da Bahia.
Para Dudu, o filme é também um ato de afeto e retribuição: “Fui rezado por minha bisavó. Cresci vendo a força dessas mulheres, e hoje percebo como essas práticas estão sendo silenciadas. Este filme é um chamado para que não deixemos morrer o que nos sustenta.” O curta propõe um reencontro com a ancestralidade e uma valorização da espiritualidade que emana do povo, do chão, do saber oral que passa de geração em geração.

A produção foi colaborativa e horizontal. O projeto já nasce com a identidade fincada no território: o nome Itapiru, de origem tupi-guarani, significa “repleto de pedras” ou “pedra fina” uma metáfora perfeita para a resistência silenciosa, porém firme, da cultura popular.

Num tempo em que a cultura do interior é sistematicamente invisibilizada por políticas públicas urbanocêntricas e por uma indústria cultural que marginaliza vozes periféricas, A Herança das Rezas de Itapiru se levanta como um manifesto audiovisual. É cinema de dentro, feito por quem vive o chão que filma. É resistência, espiritualidade e memória em movimento no sertão.

Assista ao documentário clicando aqui.

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