Fazer a hidratação da forma correta e se policiar em relação às roupas íntimas podem ser crucias para evitar doenças urológicas comuns no verão. De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), problemas no aparelho urinário crescem em média 30% na estação. Os principais são o aumento dos casos de pedras nos rins e infecções urinárias.
“A pessoa fica mais molhada, mais úmida, mais suada. Isso pode facilitar a proliferação de fungos. É preciso que exista uma hidratação correta e cuidado com as roupas íntimas”, afirmou Lucas Batista, presidente da SBU – seção Bahia e chefe do serviço de urologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em entrevista ao programa Bahia Notícias no Ar, da Rádio Salvador FM 92,3.
O consumo de cerveja, mais comum também no verão, não pode deixar de ser acompanhado do consumo de água, diz o especialista. “Bebam sua cerveja, mas bebam mais água. Cerveja não é água. Continue com seus 2, 3 litros por dia. Se fizer atividade, beba mais [água]. Qualquer dúvida procure seu médico, não deixe essa situação evoluir”, recomendou.
Segundo a SBU, também é preciso seguir outras medidas preventivas como diminuir o consumo de sal, evitar alimentos ricos em proteínas, principalmente de origem animal, evitar embutidos e fazer atividades físicas.
Como forma de prevenção, a pessoa deve estar sempre atenta à cor do xixi. “O ideal é que esteja sempre clarinho. Se estiver amarelo escuro, a pessoa deve ficar atenta, pois pode significar que há uma grande concentração de substâncias e propiciar a formação das pedras”, alerta Lucas.
A cristalização de pedras no trato urinário causa o já famoso problema de pedra no rim. Em tamanhos menores, essas pedras podem ser expelidas naturalmente pelo organismo, através da urina. Quando não expelidas, as pedras podem ficar anos nos rins sem causar incômodo, mas pode provocar infecção urinária e perda parcial ou total da função do órgão.
Lucas Batista faz a diferenciação de quando é necessário tratamento medicamentoso ou intervenção cirúrgica. “Isso vai depender muito de localização, constituição, tamanho, são vários fatores para definir se pode ter um tratamento medicamentoso. Geralmente isso acontece com cálculos menores, com pacientes que têm muita dor e vão para a emergência. Quando tá no rim, pode fazer medicamentoso, mas também pode ser preciso retirar o cálculo para não produzir novos cálculos. Precisa ver com um urologista a causa da formação dessas pedras”, destaca.
As dores geralmente ocorrem quando as pedras se movimentam para sair do rim e obstruem o ureter, canal que transporta a urina até a bexiga. Nesse caso, pode manifestar sintomas como dor intensa, náuseas, vômitos, febre, presença de sangue na urina e sensação de bexiga cheia com maior frequência para urinar.
Quando não são expelidos espontaneamente, o cálculo renal pode ser tratado com o uso de medicamentos ou através de cirurgia minimamente invasiva, como a endoscópica ou ureteroscopia, que conseguem retirar as pedras dos rins ou do ureter após a sua fragmentação.
Já a infecção urinária é mais comum em mulheres, “porque possuem a uretra mais curta que os homens e após a menopausa, ocorre diminuição dos hormônios, o que facilita a entrada de bactérias até a bexiga”, alerta o urologista.
Ela tem maior incidência no verão principalmente devido à desitratação. O aumento de perda de líquidos pelo suor leva a uma menor frequência urinária, o que diminui a eliminação das bactérias causadoras da infecção. Além disso, uso prolongado de roupas molhadas após banhos de piscina ou de mar favorece a proliferação de bactérias e germes comuns dessa região, causando o desenvolvimento de infecções vaginais e urinárias.
COVID-19
O urologista também alertou para a relação da Covid-19 com as doenças urinárias. “A gente conseguiu caracterizar que é uma doença que tem uma lesão vascular muito grande. Pode afetar qualquer tipo de artéria no nosso corpo e causar insuficiência renal”, comenta.
Além disso, Lucas revelou que pessoas que às vezes se sentem inseguras para beber água em locais públicos, durante a pandemia. “Alguns estudos começam a relatar que o uso de máscara dificulta a ingestão hidríca adequada, porque a pessoa fica com medo de usar em locais públicos. A pessoa tem que se conscientizar que tem que manter sua ingestão hídrica, procurar um local seguro”, complementa.