Golpes de sites e emails falsos de Black Friday triplicaram desde outubro; veja como evitar

Por Pedro S. Teixeira | Folhapress

Dois a cada três consumidores brasileiros pretendem ir às compras na Black Friday atrás de boas ofertas, de acordo com dados do Google. Nos últimos novembros, estelionatários têm surfado nessa onda para enganar pessoas na internet. 

O site falso ‘Loja Estoque Brasil, por exemplo, colocou um grande banner genérico com anúncios de descontos de até 30%. No catálogo do portal, é possível encontrar uma caixa de som JBL Boombox, vendida em geral a preços por volta de R$ 2.000, por R$ 247,99. 

Sozinho, o desconto de 88% gera desconfiança. Ao rolar a página até o fim, o comprador ainda pode encontrar outros indícios preocupantes: o email de contato “supore@estoquedobrasi.com” (sem “t”) e o endereço “Rua Alameda, 123 Bairro Santo André, São Paulo.” 

Reclamações na rede social Reddit e no portal de queixas de consumidores Reclame Aqui corroboram as suspeitas. Neste último, há 12 reclamações no último mês –todas sem resposta.

Relatório da empresa de cibersegurança Kaspersky mostra que o caso da Loja Estoque Brasil é um entre muitos. O documento mostra aumento de três vezes nos sites falsos usando o termo “Black Friday” desde outubro. Esses ataques são chamados por especialistas de phishing, em referência à palavra pescaria em inglês, já que os cibercriminosos usam algum tema de interesse como isca. 

Os sites e emails falsos são a tática mais adotada no Brasil por estelionatários para aplicar golpes. Nos primeiros dez meses de 2023, a Kaspersky identificou e bloqueou mais de 30 milhões de ataques de phishing voltados a compras online, sistemas de pagamento e instituições bancárias. 

Itens de alta procura na data, como eletrônicos, são iscas recorrentes em golpes na Black Friday. A Kaspersky encontrou 2,8 milhões de ataques de phishing de janeiro a outubro de 2023 só com menções a iPhones e outros produtos e serviços da Apple. Outra variação de golpe é direcionada aos gamers de console com ofertas de jogos, mas que no fim, só servem para deixar os jogadores com os bolsos vazios. 

Embora pareça um esquema grosseiro, esse golpe é recorrente porque funciona, dizem os especialistas em segurança ouvidos pela reportagem.

As plataformas de comércio eletrônico foram usadas como disfarce em 43,5% das mensagens falsas.
 

Os estabelecimentos golpistas podem aparecer em marketplaces, como Google Shopping, Amazon e Mercado Livre. Por isso, o consumidor precisa se proteger conferindo qual a loja responsável pela venda, já que muitas vezes a plataforma não faz a venda diretamente.
 

Esses sites, em geral, têm protocolos de atendimento para contornar calotes e desacordos entre as partes envolvidas na negociação, mas o responsável por efetuar estornos ou resolver problemas de entrega é o vendedor.
 

Especialistas aconselham que as pessoas verifiquem o histórico das lojas no Google e em sites de queixa como o Reclame Aqui. Do lado das plataformas, há incentivos para denunciar os vendedores de má conduta –desde fraudes a problemas de atendimento.
 

O diretor da área de fraude e risco da empresa de pagamento Pomelo, Gilmar Magi, recomenda que as pessoas prefiram fazer pagamento via cartão de crédito ou débito, uma vez que é possível contestar a operação. “O cliente pode ligar para o banco emissor, informar o problema, uma entrega que nunca aconteceu, por exemplo, e iniciar uma disputa sobre a validade dessa transação.” 

No caso do Pix, os bancos têm sistemas para indicar transferências com maior risco de fraude para alertar o cliente. Há chances menores do que no cartão, mas é possível solicitar estorno dos valores, caso a fraude seja comprovada. O pagamento via boleto, por sua vez, não é ressarcido, segundo Magi.

O cliente também deve preferir gerar cartões virtuais para realizar compras na internet. Nessa modalidade, o banco gera dados para pagamento usados somente naquela compra, o que diminui a chance de vazamento de dados sensíveis. 

Ainda antes disso, o consumidor deve checar o nome do site com cuidado. Segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), criminosos também clonam sites de varejistas famosos para induzir os consumidores ao erro, colocando uma letra a mais no endereço do site, que muitas vezes fica imperceptível para o cliente ou ainda trocando, por exemplo, uma letra “o” pelo número “0”.

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