Lula diz que estuda como baratear carros: ‘R$ 90 mil não é popular’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, nesta quinta-feira (4), os preços atuais dos automóveis e disse que o governo pretende tomar iniciativas para trazer veículos mais baratos ao país, além de garantir melhores condições de pagamento. Veja vídeo acima.

“Qual pobre que pode comprar carro popular por R$ 90 mil? Um carro de R$ 90 mil não é popular. É para classe média”, afirmou ele durante a primeira reunião do novo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, o chamado “Conselhão”.

Recriado pelo petista, o órgão tem a missão de auxiliar na elaboração de políticas públicas de desenvolvimento (leia detalhes mais abaixo). O presidente, no entanto, não deu detalhes sobre o plano para baratear os carros.

No evento, Lula voltou a criticar o Banco Central e o presidente da entidade, Roberto Campos Neto, após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC de manter a taxa básica de juros da economia em 13,75%.

“É engraçado, é muito engraçado o que se pensa neste país. Todo mundo aqui pode falar de tudo, só não pode falar de juros. Todo mundo tem que ter cuidado. Ninguém fala de juros, como se um homem sozinho pudesse saber mais do que a cabeça de 215 milhões de pessoas”, disse.

A taxa de juros é o principal instrumento do Banco Central para coordenar a política monetária do país. Quando os juros sobem, o empréstimo fica mais caro e a economia “esfria”, o que ajuda a controlar a inflação – mas, como consequência, reduz a expansão da renda e do emprego.

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Puxada pelo milho, cidade do Nordeste baiano tem maior crescimento econômico do estado

Os municípios de Pedro Alexandre, no Nordeste baiano; e Itiúba, na região sisaleira, passaram de 100% no Índice da Dinâmica Econômica Municipal (Idem) na última avaliação da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), divulgada nesta quarta-feira (12).

Os dados correspondem a 2020 em relação ao ano anterior. Puxada sobretudo pela produção de milho, Pedro Alexandre chegou a 171,35% de crescimento econômico no período. O município também foi o que teve maior dinâmica econômica entre 2003 e 2020, acrescido aí o cultivo de feijão. O milho bem como a mandioca fizeram com que Itiúba registrasse 138,7% de crescimento.

O favorecimento das condições climáticas alavancou essas produções, conforme aponta a SEI, autarquia vinculada à Secretaria do Planejamento (Seplan). Em terceiro lugar, o município de Coronel João Sá, também no Nordeste baiano, teve alta de 81,94%. Aqui, o milho também deu a tônica.

Em quarto, Itapebi, na Costa do Descobrimento, alcançou 71,52% de crescimento; em quinto, Sobradinho, no Sertão do São Francisco, fez 70,79%; e em sexto Paulo Afonso, na divisa com Sergipe e Alagoas, chegou a 61,30% no Idem. Os casos se devem ao aumento da produção de energia elétrica, oriunda também das chuvas registradas no período.

Ainda segundo a superintendência, Itapicuru, no Agreste baiano, teve alta de 61,03%, puxada por milho, mandioca e laranja; Brejões, no Vale do Jiquiriçá, alcançou 51,27%, com incremento dos setores de alojamento e alimentação.

Na nona posição, Adustina, no Nordeste, registrou crescimento de 37,96%, com a alta no milho; e Sento Sé, no Sertão do São Francisco, cresceu 29,69%, com vetor na produção de energia eólica.  

O Idem é um indicador calculado a cada ano pela SEI para avaliar a dinâmica econômica dos 417 municípios baianos. O índice permite identificar a expansão ou contração das atividades econômicas que fazem parte da economia municipal nos segmentos de agropecuária, indústria e serviços.   

Bolsa Família terá mínimo de R$ 600 e adicionais a filhos de até 18 anos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançará nesta quinta-feira (2/3), às 11h, o novo Bolsa Família. Durante evento no Palácio do Planalto, o chefe do Executivo assinará a Medida Provisória que define os parâmetros da política pública. Segundo a assessoria palaciana, as famílias beneficiárias receberão um valor mínimo de R$ 600 e serão criados dois benefícios complementares sendo um deles voltado à Primeira Infância, com um valor adicional de R$ 150 para cada criança de até seis anos de idade na composição familiar.

Um segundo, de Renda e Cidadania, prevê um adicional de R$ 50 para cada integrante da família com idade entre sete e 18 anos incompletos e para gestantes. O programa volta a enfatizar condicionalidades para permanência no programa, como a exigência de frequência escolar para crianças e adolescentes de famílias beneficiárias, o acompanhamento pré-Natal para gestantes e a atualização do caderno de vacinação com todos os imunizantes previstos no Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.

Alimentação e combustível representam 41% do orçamento dos brasileiros

Pesquisa sobre os Hábitos de Consumo no Brasil, feita pela Elo, uma das principais empresas de tecnologia de pagamentos do país, gerida pelo Banco do Brasil, Caixa Econômica e Bradesco, revela que os brasileiros destinam até 46% da renda doméstica para as contas de alimentação e combustível. A pesquisa reúne fontes de dados de 2020 até o final de 2022, considerando mais de 43 milhões de cartões ativos da marca e a média anual de mais de 4,5 bilhões de transações financeiras gerenciadas pela empresa, em todos os estados do país.

Em relação aos gastos essenciais, por exemplo, alimentação e combustível mostraram peso de 41% no orçamento doméstico, para todas as faixas de renda, nos últimos 12 meses, em comparação aos 12 meses anteriores. Para os brasileiros de baixa renda a margem sobe para 46% no período, sendo que as compras presenciais, nessa faixa de renda, atingem quase 98%. Entre os mais ricos, alimentação e combustível têm peso de 26% no orçamento.

Em relação às compras feitas no comércio eletrônico, a sondagem apurou que houve expansão de 44% nos gastos pelo público de maior renda após a pandemia do novo coronavírus. Enquanto os mais ricos e a classe média gastaram pelo menos R$ 199 por compra, na classe de menor poder aquisitivo, o valor caiu para R$ 59 por compra. O valor médio desse tipo de transações evoluiu 23% no período pesquisado. De acordo com a pesquisa, a opção por compras online é a favorita dos brasileiros de qualquer classe econômica, revelando que 91% das compras no comércio digital são feitas no crédito.

“A digitalização se tornou protagonista na vida dos brasileiros, abrangendo os hábitos de consumo, trabalho, socialização, alimentação, transporte e entretenimento. Nossa pesquisa mostra que a transição para pagamentos não presenciais ou digitais tem se propagado rapidamente para novos setores e categorias, incluindo onde o consumo sempre foi historicamente presencial”, afirmou o presidente-executivo da Elo, Giancarlo Greco.

Expansão

Os gastos com reformas e melhorias residenciais, englobando construção, reformas, eletrodomésticos, móveis e decoração, cresceram na opção de compra dos brasileiros durante a pandemia, constatou o levantamento. Pessoas com maior renda gastaram até 33% a mais em itens, produtos e serviços nesse setor, com média de gastos de R$ 504. Na renda mais baixa, o gasto médio foi de até 18%, em compras no valor de R$ 141. Os pagamentos digitais responderam por 45% do total, o que significa que quase a metade do valor investido pelos brasileiros no segmento migrou para o formato online. Destaque para o crédito parcelado para pagamentos, que foi a modalidade mais comum nessa opção, respondendo por 30%.

De acordo com a sondagem, o setor de turismo e viagens mostrou forte retomada no consumo, com alta de 48% em compras efetivadas e aumento de até 45% no valor médio dos gastos. Segundo os pesquisadores, isso significa que os consumidores estão gastando para viajar mais. O crescimento do setor foi liderado pelo público de maior poder aquisitivo: 91%. “São pessoas que puderam arcar com a alta nos preços das passagens e pacotes de viagens após o período de restrições da pandemia”, constata a pesquisa.

O encarecimento do transporte e, consequentemente, das passagens, é explicado pelos efeitos do câmbio, inflação e conflitos internacionais sobre o preço dos combustíveis. A preferência pela modalidade crédito, com predomínio de compras parceladas, subiu 85%, destacando o comércio digital, com 99% das compras realizadas pela internet. O crédito parcelado representou 89% das compras nessa modalidade.

Fonte: Agência Brasil

Governo Lula decide conceder reajuste adicional no salário mínimo a partir de maio

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu conceder um reajuste adicional no salário mínimo em 2023. Com isso, o piso nacional deve ser elevado dos atuais R$ 1.302 para R$ 1.320 a partir de 1º de maio —data simbólica por ser Dia do Trabalho.

A possibilidade de um aumento extra no salário mínimo já vinha sendo admitida por integrantes do Ministério da Fazenda nas últimas semanas. Nesta terça-feira (14), o ministro Fernando Haddad foi questionado por jornalistas sobre o novo reajuste, mas disse apenas que “o presidente vai anunciar”.

Segundo interlocutores ouvidos pela Folha, o novo valor já está alinhado entre Lula e ministros do governo. O aumento extra estava em discussão desde o período da transição, já que a equipe de Lula queria imprimir sua marca no início do primeiro ano do mandato e conceder um reajuste maior do que o originalmente proposto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Foi inclusive Bolsonaro quem assinou a MP (medida provisória) que fixou o valor atual do salário mínimo, de R$ 1.302, que acabou tendo um reajuste real de 1,4% devido à inflação menor que a projetada inicialmente em 2022.

A equipe de Haddad preferia manter o salário mínimo inalterado em 2023, para evitar maior impacto sobre as contas no momento em que busca melhorar a situação fiscal do país. O principal argumento dessa ala é que o valor, em vigor desde 1º de janeiro, já representa um aumento real em relação ao ano passado.

“Em primeiro lugar, o compromisso do presidente Lula durante a campanha é aumento real do salário mínimo, o que já aconteceu”, afirmou Haddad em 12 de janeiro. “O salário mínimo atual é 1,4% maior do que a inflação acumulada a partir do último reajuste.”

Já os defensores do novo reajuste consideram que a medida é um cartão de visitas importante do presidente para sua base eleitoral, dado que o salário mínimo foi um tema bastante explorado durante a campanha. Lula promete retomar a política de valorização adotada em governos do PT, com reajustes acima da inflação.

O custo máximo da medida foi calculado inicialmente em R$ 5,6 bilhões, considerando um cenário de maior número de concessões de aposentadoria no ano. O número foi estimado com base em parâmetros do ano de 2022. O valor é menor que os R$ 7,7 bilhões calculados inicialmente porque o aumento seria aplicado apenas em oito meses do ano, além do 13º.

Técnicos afirmam que o impacto pode ficar ainda menor após a revisão das principais rubricas do Orçamento de 2023, o que está previsto para ocorrer no mês de março, quando será divulgado o primeiro relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas. Na ocasião, o governo espera já ter um termômetro mais preciso sobre o ritmo de concessão de benefícios. Há a expectativa de que o impacto sobre as contas fique mais ameno.

O custo adicional precisará ser acomodado dentro do teto de gastos, que limita o avanço das despesas à inflação. Embora o governo Lula pretenda mudar as regras que balizam os gastos públicos, incluindo o teto, ele ainda está em vigor e precisa ser respeitado pela atual gestão. Interlocutores afirmam que esse alerta tem sido feito por Haddad nas conversas sobre o tema.

Algumas medidas, por sua vez, podem ajudar a compensar o aumento de gastos provocado pela revisão do salário mínimo. O governo prevê cortar cerca de R$ 10 bilhões com a revisão do cadastro do programa Bolsa Família, por exemplo.

O Orçamento hoje reserva R$ 175 bilhões para o programa. Durante a transição, porém, a equipe de Lula já vinha chamando atenção para possíveis irregularidades na proliferação de famílias de uma única pessoa recebendo o benefício social.

O governo prevê passar a pagar um adicional de R$ 150 por criança de até seis anos que estiver na escola. Como não houve pagamento em janeiro e não há previsão para fevereiro, ao menos R$ 3 bilhões já foram economizados. A previsão do governo é iniciar o repasse dessa parcela em março.

O mapeamento de possíveis espaços é necessário porque os R$ 6,8 bilhões reservados originalmente para o reajuste adicional do salário mínimo a partir de janeiro foram consumidos pela aceleração na concessão de aposentadorias no fim de 2022, reduzindo a fila do INSS.

Salário mínimo será de R$ 1.302, a partir de 1º de janeiro de 2023

O presidente Jair Bolsonaro (PL) assinou nesta segunda-feira (12/12) uma medida provisória aumentando o valor do salário mínimo para R$ 1.302. A quantia passa a valer a partir de 1º de janeiro de 2023. A correção é de R$ 90, sobre o piso atual, de R$ 1.212. Essa taxa é a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) deste ano, estimado em 7,41% no terceiro relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas.

Em 2020, 2021 e 2022 o mínimo não teve aumento real, ou seja, acima da inflação. A medida foi publicada hoje, em edição extra do Diário Oficial da União (DOU). Segundo nota do Ministério da Economia e do Ministério do Trabalho e Previdência, a correção do valor do salário mínimo de 2023 considera uma variação estimada de 5,81% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), no período de janeiro a dezembro de 2022, acrescida de um ganho real em torno de 1,5%.

Já para os trabalhadores que recebem por dia ou por hora, o valor mínimo a ser pago na jornada diária será de R$ 43,40 e o valor pago por hora será de R$ 5,92. O valor é aplicável a todos os trabalhadores, do setor público e privado, como também para as aposentadorias e pensões.

A medida provisória será enviada ao Congresso para ser confirmada em convertida em Lei. No período pré-eleições, em um debate no segundo turno, Bolsonaro anunciou que caso eleito, o salário mínimo em 2023 seria de R$ 1.400.

“Mesmo assim, com pandemia, com falta d’água, concedemos reajuste para aposentados e majoramos o salário mínimo. Tanto é verdade que acertamos a economia que eu posso anunciar que o novo salário minimo será de R$ 1.400”, disse na data. O valor de R$ 1.302 já estava previsto no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2023 divulgado em agosto pela pasta da Economia.

PT estuda reajuste maior – No último dia 2, Lula disse que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) será repartido com todos, reafirmando que criará uma política de reajuste anual do salário mínimo acima da inflação. “Vamos dizer aos trabalhadores que todo ano haverá aumento real”, garantiu o presidente eleito na ocasião.

Questionado na data se o salário mínimo será de R$ 1.320,00, como anunciado por senador eleito Wellington Dias (PT-PI), Lula afirmou desconhecer o valor e destacou que a expectativa de aumento é de 6% sobre o salário.

Cana do sertão: Pesquisadores estudam produção de etanol e biogás a partir do sisal

Com um facão, um trabalhador rural corta, uma a uma, as folhas da agave sisalana – uma das espécies mais conhecidas do sertão nordestino hoje. Leva as folhas, com auxílio de jumentos, até a máquina que fará o desfibramento da fibra – ou seja, a raspagem da folha para retirada da polpa. Depois do desfibramento, o sisal é colocado em varais e exposto ao sol por alguns dias. Só depois é que passa pelas fases seguintes, que incluem pesar e selecionar a fibra de melhor qualidade. De lá, é destinado à indústria de cordas, tapetes e até ao artesanato.

É assim que o sisal é produzido há décadas. Desde a introdução dessa planta no Brasil, em 1903, quando um agrônomo trouxe os primeiros exemplares dos Estados Unidos há quase um século, pouco mudou de lá para cá. Esse processo é considerado tão árduo que é apontado por alguns pesquisadores, inclusive, pela razão pela qual gerações mais jovens não se interessam em continuar com ofício que, muitas vezes, vem de família.

“É um trabalho braçal, duro, no sol quente. No geral, o processo continua o mesmo. O desfibramento é muito pesado. Por isso, a gente está indo atrás de tecnologia para o sisal. Tem tecnologia para tudo. Para a soja, para o algodão, mas não para o sisal”, diz o presidente da Associação Comunitária de Produção e Comercialização do Sisal (Apaeb), Jairo Santana, produtor há 20 anos.

Agora, porém, o sisal está no centro de um projeto que promete revolucionar a economia do Nordeste – e, em especial da Bahia, que responde pela maior parte da produção do país. Dos 10 municípios que mais produziram sisal em 2021, nove são do estado, de acordo com o IBGE. No ano passado, o estado produziu 96 mil toneladas de agave. A Paraíba, que ocupa o segundo lugar, produziu apenas 5,3 mil toneladas.

A ideia é implementar uma nova cadeia de produção do sisal a partir do conceito de biorrefinarias. Essa é a proposta do Brazilian Agave Development (Brave), projeto liderado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em parceria com ao menos outras cinco instituições brasileiras, incluindo a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e o Senai Cimatec.

De acordo com o professor Gonçalo Pereira, docente titular do Instituto de Biologia da Unicamp e coordenador do projeto, hoje, apenas 5% da planta é aproveitado. Todo o restante é descartado. “A gente vai reutilizar tudo. As folhas, as fibras, produzir etanol de primeira geração, de segunda geração, produzir biogás”, exemplifica. A Bahia é o maior produtor de sisal do país; dos dez municípios que mais produziram sisal em 2021, nove ficam no estado.

Etanol – A produtividade do sisal é comparada por ele à produtividade da cana de açúcar, que é a principal matéria-prima para produção de etanol no Brasil hoje. “A gente consegue produzir a mesma coisa que a cana de açúcar, só que no sertão”, continua o professor Gonçalo. Só para dar uma ideia, com um hectare da agave tequilana – uma espécie mexicana ‘prima’ do sisal usada para fazer tequila -, é possível produzir sete mil litros de etanol. Ao todo, no Brasil, ele calcula que há 108 milhões de hectares onde é possível plantar e colher agave. Apenas a Bahia tem 28 milhões de hectares.

Hoje, a cana ocupa 4,5 milhões de hectares para gerar 30 bilhões de litros de etanol. Com o sisal, os mesmos 30 bilhões de litros de álcool seriam produzidos em 3,3 milhões de hectares. “Aqui na Bahia, só esse bagaço que a gente joga fora lá na região de Feira de Santana daria para abastecer todos os caminhões com diesel e todo o gás de cozinha da população. E a gente simplesmente joga fora”, explica.

Na prática, o projeto terá duração de cinco anos e será composto de outras três iniciativas: Brave Bio, Brave Mec e Brave Ind. O primeiro deles, o Bio, foi assinado no mês passado, inclusive com a Shell, companhia que financia a pesquisa. Esse primeiro momento deve receber investimentos de R$ 30 milhões. Nessa primeira fase, as ações incluem separar a variedade da agave, entender a variação do solo e a integração com o meio ambiente. “O tamanho do desafio é gigantesco”, admite Gonçalo.

Energia – Baiano, Gonçalo chegou à UFRB por ter sido a instituição onde se formou. Na época, o curso de Agronomia, no município de Cruz das Almas, pertencia à Universidade Federal da Bahia (Ufba). Acabou dando certo porque a UFRB tem o único curso de Engenharia de Energias do estado. Segundo a engenheira Carine Alves, professora do curso de Engenharia de Energias da UFRB, o potencial energético da agave chega a ser difícil de mensurar. Em comparação com a cana, o sisal exige 80% menos de água na produção.

“Esse projeto visa revolucionar a produção de energia pelo agave em substituição à cana de açúcar para diminuir os efeitos da produção de CO2 (gás carbônico). Mas também tem um impacto social muito grande, jamais visto, porque aproveita uma planta nativa de uma região pobre”, diz ela, que coordenará o laboratório do projeto na UFRB.

A universidade já aguarda a chegada dos equipamentos para o laboratório nas próximas semanas. Ao lado de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a professora Carine vai coordenar dois dos 10 subprojetos no Brave Bio. Uma das ações será a identificação das principais características da planta e dos melhores tipos de tecnologia. Ela acredita que, a partir daí, serão pensadas soluções para problemas relacionados ao plantio e ao crescimento da agave sisalana, entre outras questões. Para Carine, essa nova cadeia é economicamente viável.

“(A agave) Não compete com a alimentação; tem um ciclo de vida completo, ou seja, não gera resíduos; contribui de forma muito positiva para geração de emprego e renda e para a redução da utilização dos combustíveis fósseis”, pontua. Segundo a professora, desde o processo de retirada da planta do solo até o final, haveria um ciclo de carbono fechado. Ou seja, trataria-se de uma emissão neutra de carbono, quando há uma compensação de toda a emissão de gases que provocam o efeito estufa.



Também docente do curso de Engenharia de Energias da UFRB, o professor Luciano Hocevar reforça a importância de pesar a vocação do sertão. “É inadequado criar gado bovino no semiárido, mas é muito adequado criar caprino, ovino. Não dá para plantar morango, mas dá para plantar umbu, mangaba, caju. A gente tem que investir no local, em pesquisa, em desenvolvimento do que tem disponível na região”, frisa. Daí é que entra o agave.

De acordo com ele, há muitas frentes que podem ser atendidas a partir da pesquisa. Uma delas é o processo de colheita e conservação da fibra. “É um projeto muito duro, que precisa de muita força física. Por isso, está se restringindo aos mais antigos, correndo o risco de acabar. O que pode ser feito? Investir em equipamentos que facilitem o trabalho da colheita. A gente tem que planejar a entrada, a saída, os novos equipamentos”, acrescenta.

Ao mesmo tempo, ele reconhece que é uma estratégia também de longo prazo para a transição energética. Empresas de energia, como a Petrobras e a própria Shell, têm interesse em caminhar para essa transição de combustíveis fósseis para um cenário mais sustentável. “Não vai se deixar de usar petróleo, mas vai ficar cada vez mais caro, cada vez mais vulnerável a situações como a própria guerra da Rússia e da Ucrânia. Agora, na COP, foi a primeira vez que os países  ricos se comprometeram a financiar iniciativas para diminuir a produção de gases de efeito estufa para todo mundo”, diz, citando a conferência climática das Nações Unidas que aconteceu em novembro, no Egito.

Na avaliação do professor, essa energia que viria a ser produzida com a agave tem potencial para substituir o petróleo, porque tem quantidade, autossuficiência e constância. “É inteligente usar espécies adaptadas ao clima para produção de energia, de alimentos e de produtos de biorrefinaria. Você só tem energia solar durante o dia, energia eólica quando tem vento. Não dá para alimentar um polo petroquímico, por exemplo, com energia eólica e solar, mas possivelmente, assim, dá”, diz Hocevar.

Industrialização – As próximas fases de Brave Mec e Brave Ind devem, respectivamente, focar em mecanização agrícola e industrialização para produção de etanol e biogás. O Senai Cimatec deve participar diretamente desses dois momentos. Segundo o gerente executivo da instituição, André Oliveira, a expectativa é que a entrada do Senai Cimatec seja formalizada no primeiro trimestre de 2023. “A gente tem uma experiência muito grande em pegar tecnologias que ainda não estejam tão maduras para tornar possível de ir para o mercado, ou, no nosso linguajar, de escalonar”, explica.

Uma das ações que deve ser tocada pelo Cimatec é a de buscar novas técnicas para o plantio e para a colheita, além da industrialização em si, com o desenvolvimento de rotas tecnológicas para novos produtos a partir da agave. Ainda de acordo com André, além de um laboratório no Cimatec, é possível que seja construída uma estrutura nova da instituição na região sinaleira para as experiências de campo. O cronograma, porém, ainda está sendo definido. “Hoje, a produção do sisal está muito focada em plantios menores, inclusive de agricultura familiar. A ideia é que a gente consiga ver formas de otimizar e dar mais produtividade para não ficar tão dependente do mercado internacional”, acrescenta.

Ele pondera, ainda, que a região sinaleira tem tido atenção de instituições nos últimos anos, inclusive do próprio Senai Cimatec. “Temos desenvolvido capacetes usando sisal, plástico com sisal, cadeiras escolares. Também temos uma trajetória de pesquisa sobre isso nos últimos anos. O ponto importante agora é unir esforços para esse tipo de desafio”.

Outro dos objetivos do projeto é atrair investidores para o sertão. As biorrefinarias, segundo o professor Gonçalo Pereira, da Unicamp, gerariam emprego e renda, ao mesmo tempo que protegeriam o ambiente. A cana, usada como exemplo, também teve mais utilidades desenvolvidas ao longo do tempo. Depois da produção de açúcar em si, percebeu-se que era possível fazer cachaça. Em seguida, veio o Pro-álcool, programa de substituição de derivados de petróleo para o etanol brasileiro, a partir da década de 1970.

“Nesse programa, a gente tem a possibilidade de gerar uma indústria e isso pode mudar o planeta. A gente tem, no mundo, muito mais zonas de semiárido do que de floresta. Podemos até dar uma marcha ré na imigração brasileira, porque o Nordeste vai ser uma terra de oportunidade”. Enquanto isso, o cenário atual da produção de sisal não anda muito favorável. De acordo com o presidente da Associação Comunitária de Produção e Comercialização do Sisal (Apaeb), Jairo Santana, os principais prejudicados na cadeia são os trabalhadores do campo, especialmente os que trabalham como diaristas para colher a agave. Os preços caíram nos últimos meses, dificultando a exportação.

“Estamos vendendo só para o mercado interno. A gente deixou de comprar mais de 50% no campo, porque não está vendendo. Está dando para sobreviver, mas não no porte que o sisal tem e que merece para gerar a renda para o campo e para o produtor”, explica. Segundo ele, a situação está relacionada à guerra da Rússia e da Ucrânia. A China, que era o principal comprador internacional, reduziu os pedidos em até 90%. “São 46 municípios vivendo de sisal aqui na Bahia, então afetou bastante esse setor. A gente está correndo atrás de outras fontes para ver se abre mais portas. Acho que (os países que deixaram de comprar) devem ter um estoque alto, até porque tem outros que também produzem”, acrescenta.

Essa também é a avaliação do presidente da Federação de Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), Humberto Miranda. “Os preços são muito baixos e há uma dificuldade dos produtores para vender. São problemas muito urgentes de ser resolvidos”. Para Miranda, o sisal tem potencial até para produção se ração animal ou de produção de estofados e painéis de veículos, além das utilizações já conhecidas e do uso relacionado à energia.

“Isso ainda não foi utilizado porque a gente não tem as condições ideais de trabalho e extração dessa fibra devido a essa inviabilidade dos métodos de produção do sisal. Uma vez que tudo isso seja resolvido, o sisal vai se tornar um grande promotor de desenvolvimento para o Nordeste, como já faz hoje”, completa, citando que a agave é fonte de renda para mais de 200 mil pessoas que trabalham direta ou indiretamente com a planta. * Matéria publicada originalmente no site Correio24horas

Produtos da ceia de Natal sobem quase 10% no Brasil

O preço de uma cesta de produtos típicos da ceia de Natal teve alta de 9,8%, em média, no Brasil, no intervalo de um ano, apontou nesta quinta-feira (8) a Abras (Associação Brasileira de Supermercados). 

O valor foi calculado em R$ 294,75 no início deste mês, R$ 26,30 a mais do que os R$ 268,45 de igual período do ano passado. 

A cesta é composta por dez produtos: aves natalinas, azeite, caixa de bombom, espumante, lombo, panetone, pernil, peru, sidra e tender. 

Na apresentação dos dados, Marcio Milan, vice-presidente da Abras, disse que o cálculo ainda não contempla o efeito de possíveis descontos às vésperas do Natal. 

“Esse preço de 2022 é o preço atual, de referência dos próprios supermercados, que ainda não entraram com suas ofertas e promoções”, afirmou. 

A pesquisa da Abras também traz um recorte das grandes regiões do país. O maior valor médio da cesta de Natal foi registrado no Norte: R$ 306,34, 3,1% acima de 2021.

O Sudeste teve o menor preço médio, calculado em R$ 282,39. A região, porém, registrou a maior alta, de 17%, na comparação com 2021. 

“Essa é uma média da região. Quando a gente fala de aves natalinas, leva em consideração mais de um tipo, a mesma coisa com azeites, e assim por diante. São médias para referência”, relatou Milan.

“Existem marcas alternativas. É possível que cada um vá se ajustar de acordo com sua renda, de acordo com o bolso”, acrescentou. 

Apesar de a pesquisa sinalizar preços mais altos neste ano, 66% dos supermercados brasileiros projetam consumo superior ao Natal de 2021, informou a Abras. 

Outros 27% esperam o mesmo patamar do ano passado, enquanto 7% estimam um nível inferior de negócios na data. 

O setor também projeta crescimento de 11,2% do consumo de carnes no Natal e alta de 12,5% de bebidas, segundo o balanço da Abras.

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Maior fabricante de carros elétricos do mundo, BYD vai instalar três fábricas na Bahia

A BYD, maior fabricante de carros elétricos do mundo, irá investir R$ 3 bilhões para instalar três fábricas na Bahia, gerando 1.200 empregos diretos durante o período de implantação. As unidades irão produzir chassis de ônibus e caminhões elétricos e veículos de passeio elétricos e híbridos e processar lítio e ferro fosfato, de acordo com o protocolo de intenções assinado nesta quinta-feira (27) entre a BYD do Brasil, subsidiária da empresa chinesa no país, e o Estado da Bahia.

Pelo Estado, assinaram o documento o governador Rui Costa e os secretários estaduais de Desenvolvimento Econômico, José Nunes Soares, e da Fazenda, Manoel Vitório. Já o Diretor Presidente da BYD do Brasil, Tie Li, assinou o protocolo de intenções em nome da empresa. Conforme o cronograma, todas as unidades começam a ser implantadas em junho de 2023. Duas delas devem estar concluídas em setembro de 2024, com início de operação em outubro. A terceira tem conclusão prevista para dezembro do mesmo ano, com início de operação em janeiro de 2025.

ETAPAS

A implantação de uma indústria química para processamento de lítio e ferro fosfato constitui, de acordo com o protocolo, a primeira fase do empreendimento. Esta unidade utilizará como insumos o lítio extraído no Brasil. A produção desta unidade será exportada para a China. Em paralelo com a indústria química, será implantada a fábrica de chassis para produção de ônibus e caminhões elétricos, sendo que a produção de ônibus elétrico será para abastecer o mercado das regiões Norte e Nordeste do Brasil. A produção de veículos de passeio elétricos e híbridos compreende a terceira fase do acordo. O protocolo prevê ainda que a BYD também analisará a viabilidade da importação de veículos acabados pelo porto de Salvador.

INCENTIVOS

A contribuição do Estado da Bahia para viabilização do empreendimento inclui a concessão de incentivos fiscais até 31 de dezembro de 2032, de acordo com a legislação tributária estadual. Os benefícios baseiam-se na Lei nº 7.537/99 que institui o Programa Especial de Incentivo ao Setor Automotivo da Bahia (Proauto), e na Lei nº 7.980/2001 e Decreto n.º 8.205/2002, estaduais, que institui o Programa de Desenvolvimento Industrial e de Integração Econômica (Desenvolve). A implantação na Bahia de planta industrial dotada com a mais avançada tecnologia global do setor automotivo trará benefícios como o desenvolvimento social do Estado da Bahia, em decorrência do incremento da base produtiva e circulatória de bens, e a geração de novos empregos e renda. Ainda de acordo com o protocolo, os incentivos se justificam por ser indispensável que o Estado, visando ao incremento do desenvolvimento industrial e comercial, propicie condições para a realização de investimentos no setor produtivo, mediante a formação de parcerias com o setor privado.

COMPROMISSOS DA BYD

Entre as contrapartidas assumidas pela BYD estão a elaboração de um plano de negócios detalhado, que deverá ser aprovado pelo Estado. A empresa deverá promover o treinamento e a capacitação de mão de obra especializada, prioritariamente local, a ser aproveitada no processo fabril. Deverá ainda, a cada seis meses após a assinatura do protocolo e até a entrada em operação das unidades industriais, informar à Secretaria de Desenvolvimento Econômico sobre o estágio do empreendimento e a previsão de implantação. A BYD também deverá priorizar a contratação de empresas estabelecidas na Bahia para a realização das obras civis, contratação dos serviços e aquisição dos insumos necessários à implantação e operação do empreendimento, priorizando fornecedores locais e obrigando-se a disponibilizar a lista completa dos serviços a contratar e dos insumos a adquirir, o que contribuirá para o adensamento da cadeia produtiva dentro do estado. Outra contrapartida estabelecida é a adesão da empresa ao Projeto Estadual de Incentivo à Primeira Experiência Profissional – Estágio, Aprendizagem e Ocupação Formal (Projeto Primeiro Emprego).

Bahia tem mais de 17 mil empresas criadas em julho e lidera estatística no Nordeste

A Bahia registrou 17.588 novas empresas apenas no mês de julho, segundo levantamento realizado pelo Indicador de Nascimento de Empresas da Serasa Experian divulgado nesta terça-feira (25). A Bahia foi o estado com maior criação de companhias do Nordeste e ficou em sétimo lugar no ranking nacional.

A região Nordeste, no geral, criou 55.940 negócios. No comparativo com o mesmo mês do ano passado, o índice revelou queda de 16,8%. A região fica em terceiro lugar, atrás da Sul (61.741) e Sudeste (168.993), em relação ao número de novas empresas, sendo que a Centro-Oeste (30.621) e Norte (15.903) tiveram os menores destaques registrados.

Para o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, mesmo assim, a quantidade de novos empreendimentos é expressiva.

“O empreendedorismo, principalmente durante a pandemia, foi uma ótima ferramenta para criar ou complementar rendas. Agora, aos poucos as pessoas têm conseguido voltar a trabalhar sem ter que abrir o próprio negócio, como mostra a queda nos níveis de desemprego do país. De todo modo, empreender ainda é um objetivo para muitos”.

Segundo o estudo, o segmento de Serviços é a principal escolha dos empreendedores e contempla 231.796 novas empresas dentro do total registrado. O setor do Comércio é responsável pela abertura de 75.484 negócios e o de Indústria 22.362, restando 3.556 empresas em categorias variadas. No Brasil, em geral, foram geradas 333.198 empresas em julho.

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