Como leitora eu acompanho vários canais no YouTube, alguns perfis no Instagram e leio alguns Blogs de pessoas que produzem conteúdo sobre livros e compartilham suas experiências de leitura.
A maioria deles, ao serem questionados sobre como se tornaram leitores, falam que cresceram num ambiente cercado por livros que foram passados de geração em geração, de que os avós eram grandes leitores e foram incentivadores dos pais e, assim, adquiriram o hábito da leitura.
Confesso a vocês que não tive nada disso. Meus pais não são leitores (e aqui a palavra leitor está restrita a leitura de livros de ficção) e não cresci numa casa repleta de livros. Apesar disso, minha mãe assinava muitas revistas da editora Abril e me dava gibis da Turma da Mônica! Eu amava, claro.
E, assim, o primeiro contato que eu tive com um livro que me despertou para o mundo da literatura foi aos 15 anos durante uma aula de Língua Portuguesa. A professora Flávia, sem saber, estava influenciando uma aluna a amar poesia, a escrita e a leitura. Ela me emprestou a edição dela de Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, e de lá para cá eu não parei mais.
Porque eu iniciei contando essa história a vocês? Para dizer que qualquer pessoa pode incluir um hábito totalmente novo na sua rotina. Tudo que é novo pode causar um certo estranhamento no começo, aquela preguiça e aquela sensação incomoda de “obrigação” que, como consequência, pode te fazer desistir, pois você estará saindo da sua zona de conforto. Estará dedicando um tempo a um hábito introspectivo, silencioso e que requer a nossa atenção plena, características que não estamos familiarizados. Leandro Karnal, no livro O Dilema do Porco Espinho, muito sabiamente definiu a leitura:
“A leitura de bons livros que possibilitaria conhecimento, introspecção inteligente e boa companhia vem perdendo adeptos. Já pensou que a literatura pode provocar alargamento de horizontes, experiências vibrantes e deleites intelectuais? Diante de um livro aberto, colocamo-nos como viajantes prestes a embarcar em um porto de possibilidades, sem nunca sermos assaltados pela solidão durante a viagem, mesmo que o livro narre a solidão do personagem. Afinal, a sensação de participação na história estabelece intimidade, e intimidade só é sentida em companhia.”.
Por isso vou compartilhar algumas dicas que me ajudaram nessa descoberta:
1. Leia sobre assuntos que te interessam;
2. Leia de tudo! Qualquer leitura para quem está iniciando é válida, então leia revista, jornal, gibi, revista em quadrinhos, blog, sites de notícias;
3. Opte, inicialmente, por livros com poucas páginas;
4. Estabeleça pequenas metas diárias de leitura: 5 páginas, por exemplo, e vá aumentando essa meta aos poucos;
5. Escolha um horário mais tranquilo, que você saiba que não terá muitas interferências;
6. Comece com livros menos densos, em que a linguagem seja fluida e de fácil compreensão;
7. Tenha em mente que a leitura, via de regra, é uma atividade solitária.
Lembrem-se: ninguém nasce leitor. Leitura é prática. Tenha um ritual diário de leitura com pequenas metas, pois o importante é curtir a experiência, por isso a importância de procurar temas e autores do interesse de vocês.
O mundo dos livros, da literatura e da ficção nos permite conhecer mundos, pessoas, épocas, romances, tragédias, comédias, poesias, fantasias, vidas… Tudo isso sem nem precisar sair de casa. Vamos embarcar nessa aventura?
*Ana Raíra Valverde é advogada e amante da leitura. Ela é a primeira colunista do T.A.
*Este texto é de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha do site Teofilândia Acontece