O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, ressaltou que foi pressionado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a trocar o comando da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro. Essa e outras declarações já adiantadas pelo ex-juiz no pronunciamento em que pediu demissão foram feitas em depoimento de cerca de oito horas prestado no último sábado à Polícia Federal (PF) em Curitiba.
Ao longo do depoimento, ele relatou que “durante o período que esteve à frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública, houve solicitações do Presidente da República para substituição do Superintendente do Rio de Janeiro, com a indicação de um nome por ele, e depois para substituição do Diretor da Polícia Federal, e, novamente, do Superintendente da Polícia Federal no Estado do Rio de Janeiro, que teria substituído o anterior, novamente com indicação de nomes pelo presidente”.
De acordo com a íntegra do documento, obtida pela CNN Brasil, Moro disse que “não afirmou que o presidente teria cometido algum crime”, embora suas declarações tenham servido de base para abertura de um inquérito pelo Supremo Tribunal Federal (PF). “Quem falou em crime foi a Procuradoria-Geral da República na requisição de abertura de inquérito”, justificou o ex-ministro.
Moro deixou o governo no âmbito de uma discussão com Bolsonaro, que demitiu o agora ex-diretor da PF, Maurício Valeixo, a contragosto do ex-ministro. O plano do presidente era nomear o delegado Alexandre Ramagem, presidente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para o cargo, mas o ministro do STF, Alexandre de Moraes, suspendeu a nomeação.