Mulheres com distúrbios mentais têm o dobro de chance de desenvolver câncer de colo de útero

Quando a enfermeira Juliana Martinovski viu, no Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica do SUS (Sistema Único de Saúde), que a proporção de mulheres do seu estado que fizeram exames preventivos para o câncer de colo de útero, tomou um susto. Somente duas em cada dez haviam feito os testes. Convencida do seu papel como profissional de saúde, ela começou a pesquisar os motivos e descobriu que muitas pacientes sentem vergonha de buscar um consultório.
 

“Eu me preocupei, porque às vezes dentro desse índice pode estar um parente meu, amigas minhas que não estão se cuidando”, diz.
 

Martinovski, que aplicou entrevistas com pessoas da zona rural do seu município durante um mestrado desenvolvido na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), descobriu que medo, vergonha, falta de transporte e até os serviços domésticos impediam essas mulheres de cuidar da própria saúde. Os resultados do trabalho foram publicados no Journal of Nursing Education and Practice.
 

Além desses fatores, um estudo publicado na revista The Lancet Public Health aponta que mulheres com doenças mentais ou distúrbios psiquiátricos, como ansiedade, depressão, autismos e TDAH (transtorno do déficit de atenção e hiperatividade), por exemplo, são mais propensas a desenvolver a doença.
 

São previstos, segundo o Instituto Nacional de Câncer, 17 mil novos casos entre os anos 2023 e 2025, garantindo a sexta posição entre os tipos mais comuns de câncer no país. A única diferença é que o tumor poderia ser completamente erradicado. Na região norte brasileira, a doença sobe para o segundo lugar. Em 2020, a falta de tratamento levou uma mulher ao óbito a cada 80 minutos.
 

Segundo a pesquisadora, a falta de conhecimento está por trás do constrangimento que as pacientes sentem ao irem em consultas médicas. Se sabem da importância do exame e qual o procedimento necessário, Martinovski relata que muitas se sentem mais relaxadas e inclinadas a buscar a prevenção.
 

Além disso, a busca ativa dessas pacientes é uma forma efetiva para chegar em mulheres que trabalham cuidando da casa e da família. Em zonas rurais, essa parcela da população nem sempre consegue ir sozinha até regiões centrais para fazer consultas e exames. Ter com quem deixar os filhos também é uma preocupação que as entrevistadas relataram.
 

Martinovski também destaca que muitas pacientes não buscam atendimento porque nunca sentiram sintomas. O câncer de colo do útero é consequência da infecção pelo vírus HPV, que pode demorar até 10 anos para desenvolver uma lesão na região, período que a pessoa fica assintomática. Durante esse tempo, entretanto, o tumor pode evoluir para formas mais agudas e até mesmo entrar em metástase, processos que exigem tratamentos mais complexos.
 

O estudo publicado na revista científica The Lancet, desenvolvido em parceria por pesquisadores europeus e americanos, mostra que mulheres com doenças mentais, distúrbios psiquiátricos ou com abuso de substâncias têm o dobro de chances de desenvolver câncer do colo do útero.
 

Os autores da pesquisa defendem que essa parcela da população deve ser considerada como um grupo de risco para a doença e que recebam maior atenção nas campanhas de conscientização. Além disso, a cobertura vacinal contra o HPV e a capacitação de profissionais de saúde no atendimento desse público são obstáculos que levam aos números encontrados.
 

Diferente de grande parte de trabalhos anteriores, realizados com poucos participantes em um curto período de tempo, dessa vez os cientistas acompanharam quatro milhões de mulheres entre os anos de 1973 e 2018.
 

No estudo, a relação entre o risco de câncer do colo do útero e doenças mentais é complexa. Em primeiro lugar, essas pessoas podem precisar de cuidados especializados. Caso não tenham, as chances de infecção por HPV aumentam de forma considerável. Além disso, o baixo nível socioeconômico, tabagismo, consumo de álcool e falta de acesso a serviços de saúde são outros complicadores.
 

O médico Fernando Sommacal acrescenta que a doença é completamente prevenível, diferentemente de outros tipos de câncer, porque é visível, tem um agente causador bem definido que pode ser rastreado por testes biomoleculares e uma fase pré-clínica muito longa.
 

O exame ginecológico responsável pela identificação de lesões ou do vírus HPV é o papanicolau, que consiste na coleta de células do colo do útero. Uma vez identificado o problema, entretanto, o especialista responsável pode eliminar as lesões no colo do útero antes que elas gerem complicações piores. No caso de pacientes que estão em fases precoces do tumor, as chances de cura são maiores. Em quadros mais avançados, porém, ainda que a cura seja possível, a necessidade de procedimentos complexos como cirurgias, radio e quimioterapia pode drenar a qualidade de vida das mulheres afetadas.
 

O número de exames preventivos realizados está aquém do necessário. Em uma nota técnica do Ministério da Saúde, o governo reconhece que o país não tem condição de alcançar uma cobertura que garantiria a testagem em 80% das brasileiras, e traça a meta de chegar a apenas 40%. Mas, segundo a professora Luciana Martins da Rosa, da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), não atingimos nem mesmo esse objetivo. Os dados do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica mostram que em 2022 a média nacional foi de 19%.
 

Ela destaca também a existência de grupos ainda mais vulneráveis à doença. A escolaridade, a renda e a cor da pele são fatores que diferenciam quem recebe ou não atenção básica de saúde. As condições de saúde mental também são um fator de risco, dado preocupante segundo a professora, pois a estimativa é que esse tipo de comprometimento aumente na próxima década.
 

Recentemente o Ministério da Saúde anunciou o investimento de R$ 18 milhões na Estratégia Nacional de Controle e Eliminação do Câncer Cervical, feita com base em um projeto-piloto desenvolvido em Recife. Os objetivos do programa incluem a ampliação da cobertura vacinal contra o HPV em meninas e meninos de até 14 anos e a inclusão de novos testes PCR para identificação do vírus no SUS. A primeira fase do projeto vai ser realizada em Pernambuco antes de ser estendida a todo o território nacional.

Dengue dispara no Brasil e governo Lula anuncia centro de emergência

Com o aumento de casos de dengue, chikungunya e zika no país, o Ministério da Saúde instalou um Centro de Operações de Emergências Arboviroses, com o objetivo de elaborar estratégias de controle e redução de casos graves e óbitos.

O alerta ocorre pelo aumento dos registros dessas doenças, como os casos de dengue, que cresceram 43,8% até março deste ano, quando comparado ao mesmo período do ano passado. As notificações de chikungunya aumentaram 97%. 

Em 2022, entre janeiro e o início de março, foram notificados 209,9 mil casos prováveis de dengue. Em 2023, o número saltou para 301,8 mil, no mesmo intervalo de tempo, uma incidência de 141,5 casos por 100 mil habitantes. 

Neste ano, até o momento, já foram notificados 73 óbitos pela doença. Outros 64 seguem em investigação. No mesmo período do ano passado, o total de óbitos confirmados foi de 172.

A região com maior incidência de dengue em 2023 é o Centro-Oeste, com 254,3 casos por 100 mil habitantes, seguida das regiões Sudeste, com 214,7 casos por 100 mil habitantes, e Sul, com 98,2 casos por 100 mil habitantes.

O Espírito Santo foi o estado que mais apresentou aumento de incidência, com 921,7 casos por 100 mil habitantes, seguido de Mato Grosso do Sul, com 432,5 casos por 100 mil habitantes, e de Minas Gerais, com 392,1 casos por 100 mil habitantes. 

Em 2023, também entre janeiro e o começo de março, ocorreram 43 mil casos prováveis de chikungunya, um aumento de 97,1% quando comparado ao mesmo período de 2022. Um óbito foi confirmado este ano no Espirito Santo e outros 13 estão em investigação. Ano passado, no mesmo período, ocorreram 14 mortes. 

“Com o acionamento do COE, a pasta vai monitorar a situação, com ênfase em dengue e chikungunya, para orientar a execução de ações voltadas à vigilância epidemiológica, laboratorial, assistência e controle de vetores. O planejamento das ações e a resposta coordenada serão feitos em conjunto com estados e municípios”, disse a pasta, em nota.

Já em relação ao zika, entre janeiro e o final de fevereiro deste ano, foram notificados 1.194 casos prováveis da doença, um aumento de 35,2% quando comparado ao mesmo período de 2022, quando 883 casos prováveis foram registrados. 

A região Norte do país apresenta, em 2023, a maior incidência da doença, com com 2,8 casos por 100 mil habitantes, seguida das regiões Nordeste, com 1,0 casos por 100 mil habitantes e Sul, com 0,5 casos por 100 mil habitantes.

Como a Folha de S.Paulo mostrou, o Ministério da Saúde está sem estoque de um inseticida utilizado no combate a mosquitos transmissores de doenças e tenta comprar o insumo desde o final de 2021, o que tem prejudicado o abastecimento de estados e municípios. 

O produto é usado no processo de nebulização, o chamado fumacê, para controle do Aedes aegypti, que transmite dengue, zika vírus, chikungunya e febre amarela.

Estudo aponta que musculação com carga moderada a alta reduz pressão arterial

O treinamento de força, com carga moderada de duas a três vezes por semana, é uma boa estratégia para diminuir a pressão arterial. É o que indica o estudo de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp). 

Os pesquisadores conduziram uma revisão sistemática da literatura científica sobre o tema com meta-análise. O objetivo foi verificar a intensidade, o volume e a duração do treinamento que garantiriam os melhores resultados. De acordo com os estudos, os resultados eram observados por volta da 20ª sessão de treinamento e os efeitos hipotensivos benéficos duravam até 14 semanas.

“Focamos em estabelecer o volume e a intensidade que fossem suficientes para alcançar uma redução significativa de valores da pressão arterial. Em média, o treinamento de força realizado em oito a dez semanas foi suficiente para uma redução de 10 mmHg sistólico e 4,79 mmHg diastólico”, disse Giovana Rampazzo Teixeira, professora do Departamento de Educação Física da Unesp de Presidente Prudente e coordenadora do estudo.

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte e a hipertensão responde por 13,8% delas. A condição é considerada um problema quando os níveis ficam acima de 140 milímetros de mercúrio (mmHg) de pressão arterial sistólica e acima de 90 mmHg de pressão diastólica. A doença é desencadeada por hábitos como sedentarismo, má alimentação, consumo de álcool e tabagismo.

Número de médicos passa de 500 mil no país, mas má distribuição é desafio

Levantamento feito pela AMB (Associação Médica Brasileira) e pela USP (Universidade de São Paulo) aponta que o Brasil alcançou a marca de 562.229 médicos inscritos nos 27 CRMs (Conselhos Regionais de Medicina). A taxa nacional é de 2,6 profissionais por 1.000 habitantes, mas há grande desigualdade na distribuição dos médicos pelos estados.

O dado, de janeiro de 2023, consta no estudo Demografia Médica Brasileira, lançado nesta quarta-feira (8). A coordenação é do professor doutor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, Mário Scheffer.

Em comparação com 2000, quando havia 219.896 médicos no país, o número de profissionais mais do que dobrou. No mesmo período, a população brasileira cresceu cerca de 27%.

Entre 2010 –quando o país tinha 1,63 médicos por grupo de 1.000 habitantes– e 2023, 251.362 novos profissionais passaram a atuar no Brasil, graças à abertura de cursos e de vagas de graduação em medicina, segundo o levantamento.
 
“Mesmo com o aumento expressivo no número de médicos nos últimos anos, está mantida uma concentração de médicos nas capitais, nos grandes centros. Essa desigualdade se sobrepõe a outra desigualdade. A força de trabalho médico está cada vez mais concentrada em serviços privados que atendem a menor parcela da população. É a soma da desigualdade geográfica com a crítica entre o público privado num sistema de saúde, que faz com que mesmo num país onde teremos um milhão de médicos em curto prazo, continuarão os vazios existenciais em razão da estrutura do sistema de saúde”, diz o pesquisador.

ONDE ESTÃO OS MÉDICOS

Apesar do crescimento, a desigualdade segue a tendência dos últimos anos. Com taxa por mil habitantes de 3,39, o Sudeste concentra a maior parte dos médicos, seguido pelas regiões Centro-Oeste (3,10) e Sul (2,95). 

O Norte e o Nordeste possuem densidade de médicos por 1.000 habitantes abaixo da média nacional —1,45 e 1,93 respectivamente. Com exceção da Paraíba (2,81), os estados das duas regiões possuem taxas abaixo de 2,4. 

Das 27 unidades da federação, 11 têm densidade de médicos por 1.000 habitantes acima da taxa nacional (2,41) e, 16 estão abaixo. 

Acre (1,41), Amazonas (1,36), Maranhão (1,22) e Pará (1,18) possuem as menores taxas. 

A maior parte da população médica está nas capitais, onde a densidade por 1.000 habitantes é de 6,13 –1,14 nas regiões metropolitanas e 1,84 nos interiores. As capitais dos 26 estados e o Distrito Federal concentram 50.916.038 pessoas.

Nas demografias médicas publicadas em 2018 e 2020, o Sudeste também foi a região com mais médicos por grupo de mil habitantes —taxa de 2,81 e 3,15 respectivamente —e o Norte com menos profissionais –densidade de 1,16 e 1,30 respectivamente.
 
“Quando falamos em vazios existenciais, imaginamos que isso só acontece na região Norte, no Amazonas, nas populações ribeirinhas. Não! Isso acontece em São Paulo também. A nossa pesquisa tem aspectos qualitativos, muito mais do que quantitativos, o que nos remete a um grande equívoco. Nós podemos imaginar que nosso problema é só de quantidade de médicos, de distribuição de médicos. Mas temos um problema qualitativo, que é a má qualidade da formação dos médicos, afirma César Eduardo Fernandes, presidente da AMB. 

“Nós abrimos muitas escolas de medicina, de qualidade duvidosa e não vemos nenhum controle. A responsabilidade é do Ministério da Educação. Se autoriza a formação médica numa cidade que não tem condição de formar médico, deve ser responsável pela qualificação desse médico. Ela deve ser atestada e comprovada. Nós na AMB defendemos que o médico que vem de fora para trabalhar aqui precisa do revalida. Por que não fazemos o mesmo com o nosso egresso de medicina? Nosso problema não é só de mais profissionais, mas de médicos qualificados e resolutivos”, conclui Fernandes.

COMPARAÇÃO COM OUTROS PAÍSES

O índice brasileiro de médicos por 1.000 habitantes é menor do que a média dos países avaliados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (3,73).

Os indicadores são altos na Grécia (6,16), Áustria (5,45), Noruega (5,18), Espanha (4,58), Itália (4,13) e Austrália (3,83), entre outros.

O percentual brasileiro é maior do que o registrado na China (2,24), Índia (0,90), África do Sul (0,79) e Indonésia (0,63), e compatível com Coreia do Sul (2,51), Estados Unidos (2,64) e Canadá (2,77), por exemplo. 

PROJEÇÕES

Em dois anos, o Brasil deverá ter uma taxa de 2,91 médicos por 1.000 habitantes, quase três vezes a registrada em 1980 (0,94). 

Em 2035, mais de um milhão de médicos estarão em atividade no Brasil —com densidade de 4,43 por 1.000 habitantes. Segundo o levantamento, mulheres mais jovens deverão prevalecer. A desigualdade também. 

Entre 2009 e 2022, o número de mulheres evoluiu de cerca de 133.000 para aproximadamente 260.000, ou seja, quase dobrou. 

Entre os homens, o crescimento foi de 43%, em média.

MÉDICOS ESPECIALISTAS

Em junho de 2022, 321.581 médicos brasileiros tinham pelo menos um título de especialista, o que correspondia a 62,5% do total de 514.215 profissionais (dados de junho) em atividade no país. Os demais 192.634 (37,5%) eram generalistas.

Os dados mostram que, no mesmo período, o país tinha 438.239 títulos em especialidades e 495.716 registros de médicos titulados.

Para Mário Scheffer, apesar do aumento de 85% no número de especialistas, a desigualdade na distribuição torna-se um problema. 

“Eles não estão mal distribuídos em relação ao território, mas também concentrados em serviços privados que atendem a menor parte da população. É urgente a adoção de políticas de maior atração e fixação de especialistas no SUS. Também há um crescimento importante dos médicos sem especialização. É um dado que precisa ser discutido, uma vez que não haverá, pelo menos no cenário atual, uma oferta de capacidade de formar especialistas. O número de vagas em residência médica é insuficiente. Há uma defasagem em relação ao grande número de recém-formado de egressos das escolas médicas e dos cursos de medicina”, afirma. 

Clínica médica, pediatria, cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia, anestesiologia, ortopedia e traumatologia, medicina do trabalho e cardiologia representam, juntas, mais da metade (55,6%) do total de registros de especialistas.

O sexo masculino é maioria em 36 das 55 especialidades médicas, e o feminino está em 19 delas. 

Em urologia, neurocirurgia e ortopedia e traumatologia os homens são mais de 90%.

As mulheres são minoria em todas as especialidades cirúrgicas, mas dominam a dermatologia —8.236 médicas, que correspondem a 77,9% dessa área. 

Elas também ocupam mais espaço na pediatria (75,6%), alergia e imunologia e endocrinologia e metabologia (ambas com 72,1%). 

A presença de homens e mulheres é equilibrada nas especialidades de nutrologia, medicina física e reabilitação, e gastroenterologia.

Neste ano, pela primeira vez, o CFM (Conselho Federal de Medicina) lançou a própria demografia médica. 

De acordo com a plataforma, disponibilizada à população em geral na segunda (6), o Brasil encerrou 2022 com 545.481 médicos e taxa de 2,56 por mil habitantes. O dado exclui profissionais acima de 80 anos e com inconsistências cadastrais no CFM.
 
Em 1990, o país tinha 162.234 médicos; No ano de 2000, foram contabilizados 239.730 profissionais; em 2010, 343.764, e em 2020, 504.935.

“Em 2010, a proporção de médicos por mil habitantes era de 1,76. O país nunca teve tantos médicos em atividade. Isso ocorreu por uma combinação de fatores: mantém-se forte a taxa de crescimento do número de profissionais, há consistente aumento de novos registros, mais entradas do que saídas de profissionais do mercado de trabalho e um perfil jovem (com baixa média de idade) e maior longevidade profissional”, afirmou o presidente do CFM, José Hiran Gallo.

O levantamento do CFM também apontou desigualdade na distribuição de médicos. 

O Sudeste ainda concentra a maior parte dos médicos. A taxa por mil habitantes é de 3,22, seguido pelas regiões Sul (2,82), Centro-Oeste (2,74), Nordeste (1,75) e Norte (1,34) – o cálculo considerou a distribuição de registros médicos pelo país (546.497). São profissionais que possuem endereço e registro no CRM em mais de um local.

Secretária de Saúde de Conceição do Coité pede exoneração do cargo após ameaça de morte

A secretária de Saúde de Conceição do Coité, cidade a 35 km de Serrinha, pediu exoneração do cargo após receber ameaças de morte de um ex-funcionário do serviço de saúde pública da cidade. A funcionária chama-se Jamile da Silva Sena. Caso aconteceu na terça-feira (31) e informações foram divulgadas pela prefeitura da cidade.

Além dessa funcionária, a coordenadora municipal do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Waléria Carolline Silva Oliveira Matias, também recebeu ameaças, mas segue no cargo. Elas contam que as ameaças começaram em janeiro deste ano, um mês depois que o ex-funcionário foi exonerado do cargo de enfermeiro.

Segundo o g1, as duas registraram boletim de ocorrência na delegacia do município no dia 25 de janeiro, mesmo dia em que a secretária foi ameaçada. No caso da coordenadora, a primeira ameaça aconteceu no dia 17 de janeiro.

Na terça-feira (31), a prefeitura de Coité publicou nas redes sociais uma nota de repúdio em relação ao ocorrido. O órgão afirma que o suspeito era um enfermeiro do município e foi exonerado após irregularidades nos documentos que comprovam a formação acadêmica e o registro profissional.

Segundo informações, as suspeitas em relação ao ex-funcionário começaram em 2022 quando Conselho Regional de Enfermagem (Coren-BA) solicitou que os enfermeiros atuavam na saúde pública do município enviassem documentos referentes à profissão .

Nessa ocasião, o homem teria recusado entregar os documentos, depois teria apresentado uma comprovação de finalização de curso no ano de 2012. Entretanto, o documento, que foi analisado pelo Conselho, não era válido porque o suspeito teria desistido da faculdade em 2013. Logo, ele não era formado.

Após a descoberta, o funcionário foi exonerado do cargo e a prefeitura fez uma denúncia contra ele no Ministério Público Estadual. Até o momento, ninguém foi preso.

Leia a nota na íntegra:

“A Prefeitura Municipal de Conceição do Coité, na figura do seu Procurador o Dr. Bruno Xavier Gomes e do Exmo. Senhor Prefeito, Marcelo Passos de Araújo, vem a público repudiar com total veemência os ataques e ameaças que teriam sofrido duas servidoras públicas deste município, a Sra. Jamile da Silva Sena, Ilustríssima Secretária de Saúde e a Sra. Waléria Carolline Silva Oliveira Matias, Coordenadora do Serviço Médico de Urgências-SAMU municipal.

Segundo informações apuradas, as ameaças de violência física teriam ocorrido de forma indireta por parte do ex-servidor municipal, o Sr. Orlando Matos Barreto Júnior, outrora investido no cargo de Enfermeiro deste município e também em municípios vizinhos, e que fora exonerado do cargo em 09 de Dezembro de 2022, após denúncias recebidas por esta Administração, da existência de graves indícios de irregularidades nos documentos utilizados pelo ex-servidor para a comprovação da formação acadêmica e registro profissional quando de sua contratação por este município e em outros.

Dessa forma, a Administração municipal, através de sua Procuradoria, após ter tido acesso à denúncia e aos indícios de irregularidade, procedeu, em obediência ao seu dever de agir e em atenção ao devido processo legal, ao oferecimento de denúncia junto ao Ministério Público, que tem tomado as providências cabíveis, dentro da legalidade, a fim de apurar os supostos delitos. Por isso, as notícias recentes de ameaças à integridade física das servidoras citadas, irrompem como um ato criminoso que também passará a ser investigado pelas instâncias policiais e judiciárias, no âmbito do processo já em curso.

Desse modo, a Prefeitura Municipal de Conceição do Coité, mais uma vez externa sua total solidariedade e apoio às servidoras vítimas das ameaças, ratificando o seu compromisso com a verdade e a justiça e repudiando toda e qualquer forma de pressão e violência, sobretudo as que vêm sofrendo as senhoras Jamile e Waléria, e enfatiza que não medirá esforços para que tudo seja prontamente esclarecido e que a justiça prevaleça”.

Lagoense e Riachinho estão na final do Bolaverdão

No último domingo, 29, aconteceu a semifinal do Bolaverdão, tradicional torneio de futebol que acontece no povoado de Bola Verde, zona rural de Teofilândia.

A equipe Lagoense enfrentou a Maria Preta e a partida terminou em 0 a 0, sendo decidida nos pênaltis com a vitória do Lagoense. O outro jogo da semi, entre Gato x Riachinho, também terminou empatado em 1 a 1, passando Riachinho para a grande final, que vai ocorrer no próximo domingo, 05 de fevereiro.

Foto: Partida entre Lagoense x Maria Preta / ASCOM- Prefeitura de Teofilândia

Casos de estupro de crianças e adolescentes crescem 10% na Bahia em 2022; maus-tratos sobem 28%

O registro de estupro de crianças e adolescentes na Bahia cresceu 10% entre 2021 (322) e 2022 (354). O número de maus-tratos também subiu, chegando a 385 (28,3+). É o que aponta o levantamento divulgado pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), que foi elaborado pela Coordenação de Documentação e Estatística Policial, da Polícia Civil da Bahia.

Ao analisar os dados de maus-tratos, é possível notar que, em 2021, 300 boletins de ocorrências foram registrados. Em 2022, esse número chegou a 385, sendo que as meninas foram mais destratadas em Salvador no ano passado (190). 

Os crimes foram registrados na Delegacia Especializada em Repressão de Crimes Contra a Criança e Adolescente (DERCCA).

Denúncias podem ser feitas aos conselhos tutelares, às polícias Civil e Militar, ao Ministério Público e também pelo canal Disque 100. 

Vacina contra Covid será anual para grupo de risco, diz nova secretária da Saúde

A nova secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, afirma que a vacina contra a Covid-19 será incorporada ao calendário anual do governo para pessoas do grupo prioritário —como idosos, imunossuprimidos e profissionais de saúde.

No governo de Jair Bolsonaro (PL), a vacina não fazia parte do calendário anual de vacinação e foi incorporada apenas ao PNO (Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19).

A população deve ser convocada para receber as doses junto com a imunização contra a gripe. A intenção é que isso ocorra a partir de abril, dando prazo para organizar a estratégia do governo nos primeiros 100 dias.

“Agora, efetivamente, a Covid entra no nosso Departamento de Imunização. O ministério acabou de receber uma compra grande de doses que, a princípio, daria para cobrir esses grupos prioritários”, diz à reportagem.

“A ideia é que a campanha siga os mesmos grupos prioritários da gripe, que são os mais vulneráveis, como os profissionais de saúde, imunossuprimidos, idosos. A princípio, será uma dose de reforço com a vacina bivalente”, afirma.

Ethel diz que a pasta terá entre as prioridades o aumento da cobertura de todas as imunizações, e que a comunicação terá papel central para reverter a resistência da população. O ceticismo em relação às doses cresceu nos últimos anos, estimulado também pelo então presidente Bolsonaro.

“A gente tem o maior programa de imunização do mundo e sempre fomos exemplo. Infelizmente, estamos saindo dessa pandemia com essa imagem… acho que dizer ‘arranhada’ é muito pouco. A comunicação, sem dúvidas, vai ser central neste governo para que a gente possa recuperar a confiança [na vacinação]”, disse.

A imunização infantil estava em queda antes da gestão de Bolsonaro, mas o quadro se agravou. Levantamento do Observatório de Saúde na Infância mostra que a vacina contra a poliomielite, por exemplo, foi aplicada em 74,84% da população-alvo em 2021, sendo que o percentual em 2018 era de 88,33%. Até novembro de 2022, ficou em 71,97%.

A estratégia do Ministério da Saúde é fazer parceria com outras pastas para conseguir atingir os índices necessários. Por exemplo, trabalhando em escolas e colocando a imunização novamente como um condicionante para receber recursos de programas sociais.

Além disso, a nova ministra da Saúde, Nísia Trindade, já determinou que o PNI (Programa Nacional de Imunização) se tornará um departamento, ganhando mais relevância no novo governo.

Outra medida é restabelecer o diálogo com os municípios e os estados para que a vacinação caminhe junto em todos os estados. Ethel é a primeira mulher a ocupar essa secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente.

Professora do Departamento de Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo), Ethel era a primeira da lista tríplice para ocupar o cargo de reitora da instituição—mas Bolsonaro escolheu outro nome para o cargo.

Assim como Ethel, Nísia é a primeira mulher a chefiar o ministério da Saúde e ingressa no momento em que o governo de transição vê um desmonte histórico no SUS, com perda de recursos, queda na cobertura vacinal e falta de coordenação com estados e municípios.

Número de municípios afetados por chuva na Bahia chega a 80; mais de 147 mil pessoas foram atingidas

Depois de um final de semana sem alterações, o número de ocorrências por conta das chuvas voltou a subir na Bahia. De acordo com a boletim da Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec), divulgado na tarde de segunda-feira (19), são 804 desabrigados, 13.907desalojados e 132.603 outros afetados em decorrência dos efeitos diretos do desastre. Também foram registrados sete feridos e um óbito. O número total de atingidos chega a 147.322pessoas.

Os números correspondem às ocorrências registradas em 80 municípios afetados. É importante destacar que, desse total, 62 estão com decreto de Situação de Emergência (SE), são eles: Aiquara, Alagoinhas, Alcobaça, Arataca, Baixa Grande, Baixa do Choça, Barro Preto, Belo Campo, Brejões, Buerarema, Cachoeira, Canavieiras, Caravelas, Cardeal da Silva, Cícero Dantas, Coaraci, Dário Meira, Euclides da Cunha,Eunápolis, Fátima, Firmino Alvez, Ibicaraí, Ibicuí, Ibipeba,Iguaí, Ilhéus, Inhambupe, Ipiaú, Itabuna, Itaju do Colônia, Itajuipe, Itambé, Itanhém, Itapé, Itapebi, Itapicuru, Itaquara, Itarantim, Itororó, Jiquiriçá, Jussari, Lafaiete Coutinho, Medeiros Neto, Mutuípe, Nova Itarana, Nova Soure, Nova Viçosa, Olindina, Pau Brasil, Porto Seguro, Prado, Ribeira do Pombal, Ribeirão do Largo, Santa Cruz Cabrália, Santa Cruz da Vitória, Santa Luzia, São Félix, Teodoro Sampaio, Ubaitaba, Vereda, Vitória da Conquista eWenceslau Guimarães.

Os municípios afetados são: Aiquara, Alagoinhas, Alcobaça, Almadina, Arataca, Aurelino Leal, Baixa Grande, Barra do Choça, Barro Preto, Belo Campo, Brejões, Buerarema, Cachoeira, Canavieiras, Caravelas, Cardeal da Silva, Catu, Cícero Dantas, Cipó, Coaraci, Dário Meira, Euclides da Cunha, Eunápolis, Fátima, Firmino Alvez, Floresta Azul, Gandú, Guaratinga, Ibicaraí, Ibicuí, Ibipeba, Ibotirama, Iguaí, Ilhéus, Inhambupe, Ipiaú, Itabuna, Itaju do Colônia, Itajuipe, Itamaraju, Itambé, Itanhém, Itapé, Itapebi, Itapetinga, Itapicuru, Itaquara, Itarantim, Itororó, Jiquiriça, Jitaúna, Juazeiro, Jucuruçu, Jussari, Lafaiete Coutinho, Maragojipe, Marcionílio Souza, Medeiros Neto, Mutuípe, Nova Itarana, Nova Soure, Nova Viçosa, Olindina, Pau Brasil, Porto Seguro, Prado, Ribeira do Pombal, Ribeirão do Largo, Santa Cruz Cabrália, Santa Cruz da Vitória, Santa Luzia, Santo Antônio de Jesus, São Félix, Sátiro Dias, Teixeira de Freitas, Teodoro Sampaio, Ubaitaba, Vereda, Vitória da Conquista e Wenceslau Guimarães.

Vacina da dengue do Butantan tem eficácia de 79,6%, mostram primeiros resultados da fase 3

A vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan (Butantan-DV) mostrou uma eficácia de 79,6% para evitar a doença, de acordo com o estudo clínico de fase 3. Os dados são de um acompanhamento de dois anos com mais de 16 mil indivíduos de todo o Brasil. Durante esse período, não foi reportado nenhum caso grave de dengue nos participantes. about:blankhttps://acdn.adnxs.com/dmp/async_usersync.html

O resultado positivo é fruto de um trabalho de mais de 10 anos com parceiros internacionais e pode ter grande impacto na saúde pública brasileira. Até dezembro de 2022, o Brasil registrou 1,4 milhão de casos e 978 óbitos pela doença, um aumento de 172,4% e 400% em relação ao ano anterior, segundo o Ministério da Saúde.

Em andamento desde 2016, a fase 3 envolve 16.235 voluntários de 2 a 59 anos, avaliados por 16 centros de pesquisa de diferentes regiões do país. O imunizante foi administrado em 10.259 pessoas, em dose única, e o restante recebeu placebo. 

A incidência de casos de dengue sintomáticos confirmados por laboratório foi analisada depois de 28 dias da vacinação até dois anos de seguimento de cada participante. O estudo seguirá até todos os indivíduos completarem cinco anos de acompanhamento, em 2024.

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