Anvisa proíbe suplemento alimentar de melatonina para crianças

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a fabricação, a comercialização, a distribuição, a propaganda e o uso do suplemento alimentar Soninho Perfeito Melatonina Kids, fabricado pela empresa Mr Oemed Indústria Farmaceutica Ltda. O órgão regulador determinou ainda o recolhimento do produto do mercado.

Em nota, a Anvisa informou que a melatonina – hormônio produzido pelo organismo – não é autorizada para uso em suplementos alimentares destinados a crianças e adolescentes e que não há segurança de uso comprovada perante a agência para essas faixas etárias.

“A melatonina também não possui autorização para gestantes e mulheres que amamentam (lactantes) e só é aprovada em suplementos destinados para adultos acima de 19 anos, na concentração de 0,21 miligramas por dia e sem alegações de uso”, alerta.

De acordo com a agência, também foi verificada a divulgação irregular, na internet, do produto, com alegações terapêuticas relacionadas a sono, ansiedade, compulsão alimentar, irritabilidade noturna, inflamação, suplementação para transtorno do espectro autista e câncer.

“Nenhuma dessas alegações é aprovada pela Anvisa, tratando-se, portanto, de propaganda irregular”, diz a Anvisa.

No comunicado, o órgão regulador alerta que não há aprovação de suplementos alimentares à base de melatonina para sono, humor e concentração. “Qualquer propaganda ou rótulo que traga esse tipo de alegação está irregular de acordo com a legislação sanitária brasileira”.

Ex-vereadora vai a júri por morte de agricultor que teve corpo esquartejado na Bahia; crime ocorreu há 16 anos

Uma ex-vereadora de Barra da Estiva, na Chapada Diamantina, vai a júri popular na próxima quarta-feira (23). Maria Creusa Silva (PL), a Creuza de Permínio, será julgada pelo homicídio de do trabalhador rural Samuel Silva Machado, ocorrido em 2007.

Segundo o Achei Sudoeste, parceiro do Bahia Notícias, o corpo do homem foi encontrado esquartejado, dias depois de a vitima ficar desaparecida. Ao site, o advogado da família do agricultor, Maurício Vasconcelos, disse que o caso teria ocorrido a partir de uma dívida de cerca de R$ 130 mil que o homem teria contraído com a acusada, que tinha um comércio de café.

Ainda segundo a acusação, a ex-vereadora, oito anos após o crime, teria transferido partes do corpo da fazenda dela para outro local. A acusada ainda teria envolvido um menor de idade na ocultação do cadáver. A ex-vereadora chegou a ser presa, mas foi colocada em liberdade. 

Sesab emite alerta após aumento de casos de catapora na Bahia

A Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) emitiu um alerta sobre a catapora nesta terça-feira (15) após o aumento de casos da doença no estado. De acordo com a pasta, até o último dia 12 de agosto, foram contabilizados 443 casos da doença.

A Sesab revelou que o alerta ocorreu depois de um aumento na notificação de surtos em unidades escolares de alguns municípios. A prefeitura de Fátima, no Nordeste baiano, suspendeu as aulas na cidade após um surto de catapora.

Ao G1, a secretária de saúde da cidade, Mônica Reis, já foram notificados 18 casos em um período de uma semana. Outros casos ainda podem ter ocorrido, já que há relatos de pessoas que não procuraram o serviço de saúde.

O alerta tem como objetivo promover medidas de prevenção e controle da catapora, que teve o maior coeficiente de incidência entre crianças menores de um ano de idade.

O documento ainda aponta que toda a rede de saúde deve fazer notificação imediata de casos suspeitos de catapora às autoridades sanitárias municipais e estadual (vigilância epidemiológica).

O alerta também descreve que as baixas coberturas vacinais representam risco iminente para ocorrência de surtos e casos graves de catapora no estado – e consequente aumento dos internamentos.

Saúde cobra devolução de R$ 11 milhões de empresa investigada na CPI

O Ministério da Saúde cobra a devolução de R$ 11 milhões pagos durante o governo Bolsonaro à VTCLog, empresa alvo da CPI da Covid em 2021, pela cobrança de uma taxa, que considera que a empresa não tinha direito, na distribuição de vacinas contra Covid-19.

Em setembro de 2022, a VTC Log conseguiu liminar na Justiça para não pagar a taxa, que acredita ter sido cobrada corretamente. A ação judicial ainda está em andamento. As informações são do Metrópoles, parceiro do Bahia Notícias.

“Após a liminar, a empresa não recebeu nenhuma cobrança do MS e os pagamentos da taxa de redespacho vêm sendo devidamente realizados sem qualquer questionamento”, diz a empresa, em nota.

A CPI da Covid revelou que o então diretor de Logística da Saúde, Roberto Dias, responsável por lidar com os contratos com o ministério, teve boletos de despesas pessoais pagos pela empresa.

O Ministério da Saúde concluiu, em processo interno, que a VTCLog cobrou uma taxa para distribuir vacinas contra Covid-19 para capitais e regiões metropolitanas. Mas esses valores, que chegaram a ser pagos à empresa, não estavam previstos em contrato, segundo a Saúde.

Em 2021, a empresa foi comunicada de que seria cobrada em R$ 11 milhões pelo prejuízo. Após o caso ser judicializado, a cobrança nunca aconteceu.

A Saúde reconhece que houve “investigações e fragilidades na execução contratual” com a VTC Log. O contrato de distribuição de medicamentos venceu agora, em julho, e o ministério está preparando uma nova licitação.

Procurado, o Ministério da Saúde afirmou que “cumpre a determinação judicial ao tempo que aguarda conclusão do processo judicial, para tomar as medidas administrativas que se façam necessárias”.

Consórcio Nordeste lança perfil nas redes sociais para divulgar ações

Criado para congregar os governos dos nove estados do Nordeste do Brasil e integrar suas políticas públicas de desenvolvimento econômico e social, o Consórcio Nordeste lança seus perfis nas redes sociais.

“Trata-se de uma forma de nos aproximar da população e divulgar as ações e atividades que são desenvolvidas pelo Consórcio, uma autarquia que atua diuturnamente para promover desenvolvimento para a Região”, afirmou o chefe de gabinete do Consórcio Nordeste, Glauber Piva.

A autarquia reúne-se periodicamente em sua Assembleia Geral, quando os nove governadores e governadoras debatem projetos e iniciativas comuns para o desenvolvimento regional e possui 19 câmaras temáticas que promovem encontros para dialogar sobre temas como meio ambiente, segurança, agricultura familiar, educação, saúde, energias renováveis, entre outros. 

Através das redes sociais e da página eletrônica do Consórcio Nordeste será possível acompanhar tanto as decisões das assembleias gerais quanto o cotidiano do trabalho das câmaras temáticas. A ideia principal é trocar experiências exitosas que possam ser compartilhadas entre os entes federados a fim de promover o desenvolvimento do Nordeste.  

Cresce número de internações por infarto nos últimos 14 anos no país

Dentre os tipos de doenças existentes, as que mais têm levado a óbito homens e mulheres no país são as doenças cardiovasculares. Seja por falta de tempo ou de recursos financeiros, a verdade é que nem todo mundo consegue manter uma vida saudável.  Contudo, é importante que a população ligue o sinal de alerta, pois o infarto, por exemplo, é o tipo de doença cardiovascular que mais tem matado nos últimos 14 anos.

De acordo com um levantamento de dados realizado pelo Instituto Nacional de Cardiologia (INC), de 2008 a 2022 o número de internações por infarto no Brasil tem aumentado consideravelmente. Nos homens,  a média mensal saltou de 5.282 para 13.645, representando uma alta de 158%. Já entre o público feminino, a média mensal foi de 1.930 para 4.973, um aumento de 157%. Segundo o cardiômetro, que indica o quantitativo de óbitos por doenças cardiovasculares no Brasil, da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), este ano mais de 218 mil mortes já ocorreram.

No estado, segundo dados  da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), até o mês de maio deste ano, foram 4.712 internações de baianos por infarto. Desse total, 3.070 pessoas têm 60 anos ou mais. Já referente aos óbitos, o quantitativo ultrapassa dos 2.400 devido a doenças isquêmicas do coração.

Dentre as doenças cardiovasculares mais frequentes na população estão a doença arterial coronariana, ataque cardíaco, acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca, doença arterial periférica e doença valvular. Maria Angélica da Silva tem 59 anos. Ela conta há quanto tempo tem problemas cardíacos e como vem se cuidando. “Eu tenho problema no coração há 22 anos. O médico me pediu para fazer caminhadas e ter uma alimentação mais saudável. Mas só consigo comer bem e fazer a caminhada quando vou para o interior, pois no dia a dia eu não tenho muito tempo. Ele também passou alguns remédios para tratar da minha arritmia e da minha pressão alta”, contou.

Uma rotina que inclui cuidar dos filhos, sair para trabalhar e cuidar da casa, sem contar os estudos, torna-se cansativa para muitas mulheres. Frente a isso, muitas delas não conseguem dar prioridade à saúde física, e consequentemente acabam adquirindo inúmeras doenças. No entanto, tanto nos homens quanto no público feminino, outra situação que pode alavancar as doenças cardiovasculares são a falta de informação, como afirma o Dr. Luiz Agnaldo Souza, cardiologista e membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia – Bahia (SBC).

“A situação socioeconômica pode ser um agravante da doença. Mulheres que sofrem violência doméstica, por exemplo, correm muito mais riscos, em estudos comprovados, abuso e intimidação do parceiro é um fator marcante de influência da piora das doenças cardiovasculares. Outro dado é a falta de conhecimento das doenças. Há um desconhecimento dos fatores de risco na população em um contexto socioeconômico mais baixo. Então é importante que essa prevenção seja diferenciada na população de menor acesso à informação”, ressaltou.

Causas e Sintomas – Hipertensão, diabetes, a idade e alterações no nível de colesterol, obesidade, histórico familiar e o sedentarismo são os principais fatores para que tanto os homens quanto as mulheres possam ter um infarto ou acidente vascular cerebral (AVC). Para que os pacientes possam fazer o tratamento o quanto antes, é preciso estar atento aos sintomas, que são: dor no peito, falta de ar, fadiga incomum, palpitações, tonturas e náuseas.

O Dr. Luiz Agnaldo ainda reforça que nas mulheres ainda podem existir outros fatores de risco. “Para as mulheres existe ainda um agravante da síndrome metabólica, o estresse e depressão, o tabagismo e história de doenças inflamatórias, como artrite reumatóide e lupus, que acaba causando uma maior inflamação arterial. Outros fatores também são os baixos níveis de hormônio estrogênio, pós-menopausa e mulheres que estão em radioterapia ou quimioterapia para câncer de mama”, explicou.

Tratamento e prevenção – A prática regular de exercícios, manter uma alimentação saudável, evitar o tabagismo e o consumo de álcool além de fazer consultas e exames para saber se a saúde está em dia contribui para o tratamento e a prevenção das doenças cardiovasculares. O cardiologista Luiz Agnaldo fala sobre a importância de saber qual é o perfil de risco que a pessoa tem para realizar o tratamento.

“Se houver uma tendência à hipertensão, diabetes ou colesterol é preciso fazer os check-ups mais cedo. Se você é sedentário, tem que praticar atividade física; se fuma, tem que abandonar o cigarro. O maior fator de risco da história das doenças cardiovasculares é o tabagismo. Uma vez tendo a doença é preciso entrar em contato com uma unidade de pronto atendimento ou contactar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) em casos extremos”, falou.

Prefeito de Teofilândia anuncia implantação de PSF no povoado do Barreiro

Na noite de ontem, terça-feira, 04, em uma reunião da associação comunitária do povoado do Barreiro, o prefeito de Teofilândia, Higo Moura, anunciou a instalação de uma unidade fixa do Programa de Saúde da Família – PSF – naquela comunidade.

O Barreiro contava com um Posto Saúde Satélite, mas, a partir de agora, segundo o gestor municipal, contará com a implantação do PSF. Com essa nova unidade, a comunidade terá um fluxo normal e diário de atendimentos, com presença de um médico durante quatro dias da semana.

A unidade satélite funcionava no Barreiro como um ponto de apoio para a realização de consultas, exames, vacinação e informações. Sendo uma unidade de suporte, a equipe de saúde comparecia na unidade a cada 15 dias para fazer o atendimento presencial.

“Essa conquista é fruto do empenho, planejamento e compromisso com a saúde de nossa população. Estamos investindo no cuidado preventivo e na promoção da qualidade de vida, assegurando um acompanhamento médico mais próximo e acessível para todos”, destacou o prefeito Higo.



Norte e Nordeste têm alta de mortes por hepatite crônica viral, diz estudo

Entre os anos de 2001 e 2020, as regiões Norte e Nordeste do Brasil tiveram um aumento de 6% e 5%, respectivamente, no índice de mortalidade por hepatite crônica viral. Os dados são de um estudo divulgado nesta segunda-feira (3) pela Universidade Tiradentes (Unit), de Aracaju, que lançou mão de dados públicos dos últimos 20 anos sobre a doença.

A hepatite é uma inflamação no fígado que pode ser aguda ou crônica; além de curável ou fulminante. Em nosso país, nas últimas duas décadas, foram registradas 49.831 mortes em decorrência desta condição de saúde.

À CNN, a cirurgiã do aparelho digestivo Sonia Oliveira Lima, que orientou a pesquisa, afirmou haver algumas causas para o aumento de óbitos no Norte e Nordeste. “Uma das explicações é que melhorou a notificação, que passou a ser obrigatória”, disse.

Além disso, a transmissão é outra questão importante. “A hepatite A, por exemplo, tem transmissão fecal-oral, e depende de saneamento básico, higiene pessoal, uso de descartáveis.”

No caso das hepatites B, C e D, a transmissão é por sangue ou esperma. “A cobertura vacinal nessas regiões é insuficiente, e o diagnóstico é simples, mas o exame precisa ser solicitado”, completou.

Somente a região Sudeste teve tendência de redução das mortes por hepatite no período pesquisado. “O restante apresentou um número estacionário, sem aumento ou redução, o que é muito grave”, afirmou a médica.

De acordo com a profissional, é preciso uma melhor comunicação para que a informação sobre a doença chegue até as pessoas, assim como incentivo à vacinação.

Falsos médicos compraram diplomas por até R$ 400 mil; maioria dos registros eram da Uneb

A Polícia Federal revelou um esquema em que falsos médicos pagavam até R$ 400 mil por diplomas de faculdades de medicina. O caso foi noticiado no domingo (2), pelo Fantástico, da Rede Globo.

De acordo com a corporação, pelo menos 65 registros foram obtidos junto ao Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) com documentos falsos. A maioria dos registros fraudados eram da Universidade do Estado da Bahia (Uneb).

Os criminosos falsificavam os documentos e vendiam para falsos médicos. O delegado da Polícia Federal Francisco Guarani explicou que “a investigação conseguiu apontar que de fato existia uma estrutura empresarial nessa venda de diplomas falsos e históricos escolares falsos.”
A quadrilha usava papel de qualidade e conseguia reproduzir o logotipo de universidades brasileiras. Em nota, a Uneb informou que “todos os documentos recebidos pelo Cremerj não foram emitidos ou assinados pela universidade e são ilegítimos”, revelou a reportagem.

A investigação mostrou que, com documentos falsos em mãos, os suspeitos se passavam por estudantes formados e conseguiam empregos, principalmente em prefeituras. Os criminosos também criaram um e-mail falso para enviar o diploma fraudulento quando os conselhos regionais de medicina solicitavam a documentação.

FISCALIZAÇÃO

O Cremerj esclareceu que as fraudes foram descobertas quando uma funcionária desconfiou de documentos. Ela fez a denuncia e a Polícia Federal começou a investigação. “O órgão mudou o processo de checagem e anulou todos os 65 registros obtidos com documentação falsa”.

O Conselho Federal de Medicina destacou que deve criar novos protocolos para checar a documentação. José Hiran Gallo explicou que disponibilizou uma equipe para ir aos conselhos regionais investigar a fragilidade do sistema.

Quase 70% dos adultos entre 45 e 54 anos estão com excesso de peso, segundo pesquisa

Mais da metade da população brasileira (56,8%) está com excesso de peso, um aumento de quase 10% em relação a 2022, quando a prevalência foi de 52,6%, mostram dados de um inquérito nacional divulgado nesta quinta (29).

Adultos entre 45 e 54 anos respondem pela maior prevalência: 68,5% deles estão com sobrepeso ou obesidade. Em seguida, estão os jovens entre 18 e 24 anos, com 40,3% deles apresentando IMC (índice de massa corporal) igual ou acima de 25 kg /cm². 

Os dados são do Covitel 2023 (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia) desenvolvido pela Vital Strategies, organização global de saúde pública, e pela UFPel (Universidade Federal de Pelotas), com financiamento da Umane e apoio da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva). 

Segundo o inquérito, 26,6% dos brasileiros tiveram diagnóstico de hipertensão, com maiores prevalências entre mulheres (30,8%), maiores de 65 anos (62,5%) e aqueles com até oito anos de escolaridade (38%). Entre os mais escolarizados, com 12 anos ou mais de estudo, a prevalência cai para menos da metade, com 15,6% de hipertensos.

Para Pedro Hallal, professor da UFPel e um dos coordenadores do inquérito, isso é reflexo da combinação entre dieta inadequada e prática insuficiente de atividade física. 

“Quando olhamos o quadro epidemiológico brasileiro de 20 anos atrás, a obesidade era algo que acontecia mais nas famílias mais ricas. Isso está se invertendo com o passar do tempo. Nos Estados Unidos e México, a obesidade é muito maior entre os mais pobres. O Brasil está copiando esse modelo”, diz. 

Para ele, a obesidade e a inatividade física são os grande vilões da saúde pública neste século, representam um grande desafio para governos de todo o mundo e há muito o que se fazer em termos de políticas públicas. 

“Pode explorar a questão de ciclovias, de fechamento de ruas nos fins de semana, pode fazer academias populares, programas de esporte de lazer e inclusivo”, afirma.

Hipertensa há mais de 20 anos e com problema renal, a funcionária pública aposentada Sandra Lopes Ribeiro, 72, chegou a pesar 151 kg. Fez tratamento no Hospital do Servidor Público Municipal, em São Paulo, e eliminou 57 kg. Na pandemia de Covid-19, recuperou quase 20 kg e hoje está na casa dos 120 kg. 

Antes da pandemia, ela diz que era muito ativa. Caminhava e passeava bastante. A ameaça de contrair o coronavírus a trancou em casa. Agora, começou uma rotina com exercícios e terapia numa Ursi (Unidade de Referência à Saúde do Idoso). 

Sandra diz que também recebeu orientações sobre controle de peso e alimentação e que abriu mão de refrigerantes, linguiça e embutidos. Por decisão própria, afirma que não janta mais. 

“Para o nutricionista é errado não jantar, mas me acostumei. Até seis horas da tarde, se der vontade, tomo sopa e mais tarde chá de camomila ou erva-cidreira com uma bolachinha. Mas ainda estou pecando no bendito doce. Tenho a consciência de que preciso melhorar.”

A situação de Sandra é ilustrada pelos dados do Covitel, que mostram uma alta prevalência da hipertensão e diabetes, especialmente entre os idosos e os menos escolarizados. 

O cenário é parecido com a diabetes. Enquanto na população em geral a taxa é de 10,3%, em pessoas acima de 65 anos é de 26,2%, e entre aquelas com zero a oito anos de estudo, 15,7%. 

A advogada Neusa Camargo, 77, entrou para as estatísticas de brasileiros hipertensos na tarde desta quinta (29), durante consulta com a equipe de medicina e família do Centro de Saúde Escola Professor Samuel Barnsley Pessoa, da Faculdade de Medicina da USP. 

“Eu faço check-up uma vez por ano. É estranho você querer fazer um check-up no SUS. As pessoas só vêm aqui quando está tudo errado e não tem mais jeito. Elas não sabem usar o SUS”, afirma.

Neusa contou à reportagem que cuida da alimentação e pretende retomar a rotina de exercícios de antes da pandemia de Covid-19, na academia.
 
A descoberta da hipertensão não assustou a advogada. “Como eu sempre fiz prevenção, sabia que seria natural eu começar a ter alguma coisa após um certo tempo. É a primeira vez que vou tomar um remédio contra hipertensão.”

Em relação à alimentação, a paciente não vê necessidade de mudanças. “Deus fez tudo certinho comigo. Não gosto de doces, de pão, massas. Gosto muito de churrasco, frutas, legumes e verduras.”
 

Segundo Luciana Sardinha, gerente sênior da Vital Strategies e uma das coordenadoras do Covitel, os dados mostram que não houve um aumento dessas doenças em relação ao período pré-pandêmico, o que pode revelar um represamento dos casos.

Situação ainda mais grave, diz ela, são os casos já conhecidos e que não estão controlados. Dados do Previne Brasil, programa criado no primeiro ano da gestão de Jair Bolsonaro (PL) e que mudou a forma de financiamento da atenção primária, mostram que mais de 80% dos municípios brasileiros não atingem metas de controle de diabetes e hipertensão.
 

“Os municípios precisam ter as ferramentas necessárias para conhecer e monitorar os seus usuários de maneira simples”, diz Thais Junqueira, superintendente-geral da Umane.
 

Para Pedro Hallal, também é importante o investimento em tratamentos farmacológicos e não farmacológicos, como grupos de diabéticos e hipertensos de caminhada e reeducação alimentar.
 

“Eles até existem em muitas unidades básicas de saúde, mas não como política pública expandida. Não está disseminado em todas as UBS como deveria estar”, explica.
 

Segundo ele, o acesso a medicamentos para manter essas condições sob controle, especialmente para a população de baixa renda, também ficou mais difícil nos últimos anos com o desabastecimento de remédios essenciais no Programa Farmácia Popular.

Hallal e Sardinha também chamam a atenção para o desafio que é a adesão dos pacientes aos tratamentos de doenças crônicas.
 

“Se eu estou com dor de cabeça, tomo um paracetamol e resolve o problema. A hipertensão e a diabetes muitas vezes não apresentam sintomas, e as pessoas não tomam ou param de tomar remédio. Se não têm acesso, é ainda pior porque vão ter que escolher entre comprar um remédio ou alimentação para a família”, diz Hallal.

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