Número de testes de Covid-19 realizados na Bahia é 10 vezes menor do que há um ano

Nos últimos meses, o gráfico que ilustra a quantidade de testes de Covid-19 realizados segue uma rota diagonal e descendente. Com a vacinação avançada na Bahia, o número de pessoas que buscou um exame RT-PCR para confirmar se estava contaminado passou de 22,5 mil nos sete dias que antecederam o dia 4 abril do ano passado, para apenas 2.455 nesta semana. Foi essa queda que serviu como parâmetro para a retirada da obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços abertos na Bahia (veja aqui).

O Bahia Notícias fez um levantamento com base nos dados do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-Ba), divulgados nos boletins da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Segundo a análise, apesar de ter 1.288 casos ativos atualmente, nos últimos dias o estado não ultrapassou a marca das centenas de exames RT-PCR. Nesta segunda-feira (4), apenas 160 exames foram contabilizados pelo sistema que gere as informações sobre a pandemia da pasta. 

No domingo (3), 117 testes foram feitos e no dia anterior, 2 de abril, 591 pessoas foram testadas, afirmam os dados. Em comparação ao mesmo dia em 2021, a quantidade era 81% superior. Naquela data, 848 testes RT-PCR foram feitos na Bahia. Durante os dois dias que antecederam, 2.434 e 4.220 diagnósticos foram incluídos, respectivamente.

Naquele período, a capacidade era a mesma disponibilizada na rede atualmente, de 4 mil kits. Mas, diferente dos 120,9 mil que estão parados agora, a rede tinha apenas 22,5 mil testes estocados por causa da alta demanda.

A própria condição foi atestada pelo governador Rui Costa (PT), quatro dias antes de anunciar a medida que flexibilizou o uso dos equipamentos de proteção. Na oportunidade, ele havia pedido calma na tomada de qualquer decisão sobre o assunto. 

O petista atribuiu a postura ao número de casos de Covid-19 no estado, que girava em torno de 1.500 pessoas e os 100 pacientes internados em leitos de UTI. Segundo ele, os números de pessoas infectadas com a doença poderiam ser ainda maiores do que os identificados nos registros oficiais. “Isso significa que o vírus ainda está circulando, já que os municípios não estão mais fazendo exames. Significa que o número pode ainda ser maior que esse. E graças à vacina os efeitos são mais leves”, justificou na ocasião.

Os dados de internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) exclusivas – outra taxa acompanhada para a adoção de flexibilizações -, no entanto, não seguem a mesma tendência. E a Bahia, que dispõe de 468 vagas, tem 75 deles ocupados, um índice de 16% de ocupação.

Medida eficaz contra o avanço da crise sanitária, a vacinação com a 3ª dose já alcança 44,19% do público-alvo estimado, algo em torno de 4,9 milhões nas 417 cidades baianas. Quanto à cobertura com a segunda dose, 10,5 milhões de aplicações foram realizadas em pessoas com 12 anos ou mais (82,5%), enquanto outras 11,4 milhões (90,2%) da primeira dose foram inoculadas.

A aderência à vacinação é baixa entre crianças entre 5 e 11 anos. Em todo o território da Bahia, dos 1,4 milhões habilitantes nesta faixa, apenas pouco mais de 813 mil (55%) procuraram os postos de imunização para receber a primeira dose e 175 mil (11,8%) foram em busca da segunda.

A situação causa preocupação ao Conselho Estadual de Saúde (CES-BA), que apesar de entender que a adoção da flexibilização do uso do equipamento de proteção em locais abertos era esperada pela população, e que possui o aval da comunidade científica, disse se preocupar com as crianças menores de 5 anos – não cobertas pelo esquema vacinal – e as pessoas que não recorreram à vacina.

“O órgão apela, portanto, que as máscaras continuem sendo usadas na presença das crianças para garantir a proteção enquanto estas não estão imunizadas”, disse o CES-BA ao Bahia Notícias.

Acerca dos testes, o conselho afirmou que vem insistindo na “importância da testagem da população a fim de que os indicadores reflitam a realidade”, bem como a continuidade das medidas que não foram revogadas: a higienização das mãos, a cobrança do passaporte da vacina em estabelecimentos e eventos e a utilização de máscaras em ambientes fechados.

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