Quase 70% dos adultos entre 45 e 54 anos estão com excesso de peso, segundo pesquisa

Mais da metade da população brasileira (56,8%) está com excesso de peso, um aumento de quase 10% em relação a 2022, quando a prevalência foi de 52,6%, mostram dados de um inquérito nacional divulgado nesta quinta (29).

Adultos entre 45 e 54 anos respondem pela maior prevalência: 68,5% deles estão com sobrepeso ou obesidade. Em seguida, estão os jovens entre 18 e 24 anos, com 40,3% deles apresentando IMC (índice de massa corporal) igual ou acima de 25 kg /cm². 

Os dados são do Covitel 2023 (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia) desenvolvido pela Vital Strategies, organização global de saúde pública, e pela UFPel (Universidade Federal de Pelotas), com financiamento da Umane e apoio da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva). 

Segundo o inquérito, 26,6% dos brasileiros tiveram diagnóstico de hipertensão, com maiores prevalências entre mulheres (30,8%), maiores de 65 anos (62,5%) e aqueles com até oito anos de escolaridade (38%). Entre os mais escolarizados, com 12 anos ou mais de estudo, a prevalência cai para menos da metade, com 15,6% de hipertensos.

Para Pedro Hallal, professor da UFPel e um dos coordenadores do inquérito, isso é reflexo da combinação entre dieta inadequada e prática insuficiente de atividade física. 

“Quando olhamos o quadro epidemiológico brasileiro de 20 anos atrás, a obesidade era algo que acontecia mais nas famílias mais ricas. Isso está se invertendo com o passar do tempo. Nos Estados Unidos e México, a obesidade é muito maior entre os mais pobres. O Brasil está copiando esse modelo”, diz. 

Para ele, a obesidade e a inatividade física são os grande vilões da saúde pública neste século, representam um grande desafio para governos de todo o mundo e há muito o que se fazer em termos de políticas públicas. 

“Pode explorar a questão de ciclovias, de fechamento de ruas nos fins de semana, pode fazer academias populares, programas de esporte de lazer e inclusivo”, afirma.

Hipertensa há mais de 20 anos e com problema renal, a funcionária pública aposentada Sandra Lopes Ribeiro, 72, chegou a pesar 151 kg. Fez tratamento no Hospital do Servidor Público Municipal, em São Paulo, e eliminou 57 kg. Na pandemia de Covid-19, recuperou quase 20 kg e hoje está na casa dos 120 kg. 

Antes da pandemia, ela diz que era muito ativa. Caminhava e passeava bastante. A ameaça de contrair o coronavírus a trancou em casa. Agora, começou uma rotina com exercícios e terapia numa Ursi (Unidade de Referência à Saúde do Idoso). 

Sandra diz que também recebeu orientações sobre controle de peso e alimentação e que abriu mão de refrigerantes, linguiça e embutidos. Por decisão própria, afirma que não janta mais. 

“Para o nutricionista é errado não jantar, mas me acostumei. Até seis horas da tarde, se der vontade, tomo sopa e mais tarde chá de camomila ou erva-cidreira com uma bolachinha. Mas ainda estou pecando no bendito doce. Tenho a consciência de que preciso melhorar.”

A situação de Sandra é ilustrada pelos dados do Covitel, que mostram uma alta prevalência da hipertensão e diabetes, especialmente entre os idosos e os menos escolarizados. 

O cenário é parecido com a diabetes. Enquanto na população em geral a taxa é de 10,3%, em pessoas acima de 65 anos é de 26,2%, e entre aquelas com zero a oito anos de estudo, 15,7%. 

A advogada Neusa Camargo, 77, entrou para as estatísticas de brasileiros hipertensos na tarde desta quinta (29), durante consulta com a equipe de medicina e família do Centro de Saúde Escola Professor Samuel Barnsley Pessoa, da Faculdade de Medicina da USP. 

“Eu faço check-up uma vez por ano. É estranho você querer fazer um check-up no SUS. As pessoas só vêm aqui quando está tudo errado e não tem mais jeito. Elas não sabem usar o SUS”, afirma.

Neusa contou à reportagem que cuida da alimentação e pretende retomar a rotina de exercícios de antes da pandemia de Covid-19, na academia.
 
A descoberta da hipertensão não assustou a advogada. “Como eu sempre fiz prevenção, sabia que seria natural eu começar a ter alguma coisa após um certo tempo. É a primeira vez que vou tomar um remédio contra hipertensão.”

Em relação à alimentação, a paciente não vê necessidade de mudanças. “Deus fez tudo certinho comigo. Não gosto de doces, de pão, massas. Gosto muito de churrasco, frutas, legumes e verduras.”
 

Segundo Luciana Sardinha, gerente sênior da Vital Strategies e uma das coordenadoras do Covitel, os dados mostram que não houve um aumento dessas doenças em relação ao período pré-pandêmico, o que pode revelar um represamento dos casos.

Situação ainda mais grave, diz ela, são os casos já conhecidos e que não estão controlados. Dados do Previne Brasil, programa criado no primeiro ano da gestão de Jair Bolsonaro (PL) e que mudou a forma de financiamento da atenção primária, mostram que mais de 80% dos municípios brasileiros não atingem metas de controle de diabetes e hipertensão.
 

“Os municípios precisam ter as ferramentas necessárias para conhecer e monitorar os seus usuários de maneira simples”, diz Thais Junqueira, superintendente-geral da Umane.
 

Para Pedro Hallal, também é importante o investimento em tratamentos farmacológicos e não farmacológicos, como grupos de diabéticos e hipertensos de caminhada e reeducação alimentar.
 

“Eles até existem em muitas unidades básicas de saúde, mas não como política pública expandida. Não está disseminado em todas as UBS como deveria estar”, explica.
 

Segundo ele, o acesso a medicamentos para manter essas condições sob controle, especialmente para a população de baixa renda, também ficou mais difícil nos últimos anos com o desabastecimento de remédios essenciais no Programa Farmácia Popular.

Hallal e Sardinha também chamam a atenção para o desafio que é a adesão dos pacientes aos tratamentos de doenças crônicas.
 

“Se eu estou com dor de cabeça, tomo um paracetamol e resolve o problema. A hipertensão e a diabetes muitas vezes não apresentam sintomas, e as pessoas não tomam ou param de tomar remédio. Se não têm acesso, é ainda pior porque vão ter que escolher entre comprar um remédio ou alimentação para a família”, diz Hallal.

Bolsonaro tem semana decisiva no TSE com julgamento que pode torná-lo inelegível

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enfrenta nesta semana o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode deixá-lo inelegível por oito anos. O caso começará a ser analisado na quinta-feira (22), às 9h. Foram reservadas três sessões para o julgamento do caso. Nos dois primeiros dias (22 e 27 de junho), o processo contra Bolsonaro é o único item da pauta.

O ex-presidente é alvo de processo em que o PDT o acusa de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicações por conta de uma reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, em julho de 2022, em que ele fez ataques ao sistema eleitoral.

A ação foi pautada depois de uma série de mudanças na composição da Corte Eleitoral após o encerramento de mandatos de integrantes. A nova configuração foi lida, em parte, como uma vitória do presidente do tribunal, ministro Alexandre de Moraes, que articulou pela nomeação de dois advogados próximos a ele.

O relator do caso é o ministro Benedito Gonçalves, corregedor-geral eleitoral. Quando o julgamento começar, ele será o primeiro a votar. Depois, votam na sequência os ministros: Raul Araújo, Floriano de Azevedo Marques, André Ramos Tavares, Cármen Lúcia, Nunes Marques e Alexandre de Moraes.

Responsável por escolher os dias de julgamento da ação, Moraes disse na terça-feira (13) que o processo contra o ex-presidente “entrou na vala comum” do TSE e que não houve uma espera por um “momento propício”. Segundo o magistrado, a Corte vai julgar o caso “de acordo com a Constituição e a lei”.

A ação – Além de Bolsonaro, também é alvo da ação o seu candidato a vice nas eleições do ano passado, Walter Braga Netto. O PDT acionou o TSE em agosto de 2022 questionando a reunião feita por Bolsonaro com embaixadores no Palácio da Alvorada, em julho de 2022.

Nessa reunião, transmitida ao vivo pela TV Brasil, Bolsonaro teceu críticas aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), em especial a Roberto Barroso e Edson Fachin, e classificou como “lamentáveis” falas dos magistrados. Ele ainda colocou sob dúvidas os resultados das eleições presidenciais de 2018, na qual foi eleito com 55,13% dos votos válidos.

O então presidente ainda retrucou as acusações de que ele estaria “atentando contra a democracia” ao atacar o sistema das urnas eletrônicas e rebateu que, na verdade, seria o próprio TSE quem estaria atentando ao “não liberar o inquérito da suposta fraude de 2018”.

O abuso de poder político pelo qual Bolsonaro é acusado é uma conduta ilegal praticada na campanha eleitoral e ocorre nas situações em que o acusado se vale de sua posição para agir de modo a influenciar o eleitor.

A punição para este tipo de ilícito é a inelegibilidade por oito anos, período no qual o político não pode disputar eleições. O uso indevido dos meios de comunicação, segundo a sigla, se deu pela divulgação do discurso pela TV Brasil, uma empresa controlada pelo governo, e por redes sociais.

O processo em que se discute o caso é uma AIJE (Ação de Investigação Judicial Eleitoral). É um tipo de procedimento mais complexo, que envolve levantamento de provas e depoimento de testemunhas. Em seu parecer final, o Ministério Público Eleitoral se manifestou a favor da inelegibilidade de Bolsonaro.

No documento, o vice-procurador-geral Eleitoral Paulo Gustavo Gonet Branco disse que o discurso do ex-presidente na reunião com embaixadores representou um ataque às instituições eleitorais com objetivo de abalar a confiança do eleitorado.

Gonet também afirmou que Bolsonaro, na ocasião, mobilizou parcelas da população contra o sistema eleitoral. As falas do ex-chefe do Executivo, segundo o MP Eleitoral, configuraram uso indevido dos meios de comunicação, abuso de autoridade, abuso de poder político e desvio de finalidade.

“O abuso de autoridade se revela, também aqui, pela circunstância de o discurso ter sido proferido pelo presidente da República, na qualidade de Chefe de Estado”, escreveu.

O vice-procurador-geral Eleitoral pediu a condenação apenas de Bolsonaro e se manifestou pela absolvição de Braga Netto, por entender que o general não participou dos fatos investigados.

Prazo para entrega do Imposto de Renda 2023 termina nesta quarta-feira

Faltam dois dias para terminar o prazo dado aos contribuintes para apresentarem a declaração do Imposto de Renda (IR) da Pessoa Física 2023. De acordo com a Receita Fede

Do total de declarações já apresentadas, 23% utilizaram a pré-preenchida, o que, segundo a Receita, reduz o risco de erros. Esse modelo possibilita o uso de informações disponibilizadas a partir de bancos de dados do governo.

O Fisco, no entanto, alerta que “todas as informações devem ser checadas e validadas pelo contribuinte antes do envio”.

O preenchimento e a entrega podem ser feitos por meio do Programa Gerador da Declaração relativo ao exercício de 2023, que está disponível para download no site da Receita Federal; por meio do serviço online Meu Imposto de Renda, pelo Portal e-CAC ou pelo aplicativo para tablets e celulares.

Quem usar a declaração pré-preenchida ou optar por receber o valor da restituição por meio da chave Pix (desde que a chave seja o CPF do cidadão) terá prioridade no recebimento da restituição, sempre respeitando as prioridades legais, como idosos, professores e pessoas com deficiência.

declarações haviam sido entregues. A expectativa é de que 39,5 milhões sejam entregues até o prazo final, que é o dia 31 de maio.
O pagamento das restituições foi dividido em cinco grupos mensais até 29 de setembro, de acordo com a data de entrega da declaração.

A declaração deste ano apresenta uma novidade em relação a quem tem investimentos na bolsa de valores, no mercado futuro ou em investimentos semelhantes: a obrigatoriedade da declaração para esse público foi flexibilizada.

Agora, só é obrigado a enviar a declaração quem vendeu ações cuja soma superou, no total, R$ 40 mil ou quem obteve lucro de qualquer valor com a venda de ações em 2022, sujeito à cobrança do IR, independentemente do valor da venda. Antes, qualquer contribuinte que tivesse comprado ou vendido ações no ano anterior, em qualquer valor, era obrigado a declarar. As informações são da Agência Brasil.

Lula diz que estuda como baratear carros: ‘R$ 90 mil não é popular’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, nesta quinta-feira (4), os preços atuais dos automóveis e disse que o governo pretende tomar iniciativas para trazer veículos mais baratos ao país, além de garantir melhores condições de pagamento. Veja vídeo acima.

“Qual pobre que pode comprar carro popular por R$ 90 mil? Um carro de R$ 90 mil não é popular. É para classe média”, afirmou ele durante a primeira reunião do novo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, o chamado “Conselhão”.

Recriado pelo petista, o órgão tem a missão de auxiliar na elaboração de políticas públicas de desenvolvimento (leia detalhes mais abaixo). O presidente, no entanto, não deu detalhes sobre o plano para baratear os carros.

No evento, Lula voltou a criticar o Banco Central e o presidente da entidade, Roberto Campos Neto, após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC de manter a taxa básica de juros da economia em 13,75%.

“É engraçado, é muito engraçado o que se pensa neste país. Todo mundo aqui pode falar de tudo, só não pode falar de juros. Todo mundo tem que ter cuidado. Ninguém fala de juros, como se um homem sozinho pudesse saber mais do que a cabeça de 215 milhões de pessoas”, disse.

A taxa de juros é o principal instrumento do Banco Central para coordenar a política monetária do país. Quando os juros sobem, o empréstimo fica mais caro e a economia “esfria”, o que ajuda a controlar a inflação – mas, como consequência, reduz a expansão da renda e do emprego.

Leia a matéria completa do G1 clicando aqui.

PF prende Mauro Cid, ex-ajudante de Bolsonaro, e faz buscas na casa do ex-presidente

A Polícia Federal (PF) cumpre, nesta quarta-feira (3), um mandado de prisão contra o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e outro de busca e apreensão na casa do ex-presidente, em Brasília. A operação foi autorizada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.

As ordens estão sendo cumpridas no âmbito da chamada “Operação Venire”. Segundo a Polícia Federal, a operação investiga uma associação criminosa acusada pelos crimes de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.

Ao todo, a PF cumpre 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro. Os policiais também farão análise do material apreendido durante as buscas e colherão depoimentos de pessoas que detenham informações a respeito dos fatos.

A operação – Segundo a PF, as inserções de dados falsos ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022 e tiveram como consequência a alteração da verdade sobre a condição de imunizado contra a Covid-19 dos beneficiários. Um dos que teriam tido o cartão de vacinação alterado seria o próprio Bolsonaro.

Ipec: Após 100 dias, Lula é aprovado por 39%; reprovação vai a 26%

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é classificado como ótimo ou bom por 39% da população, segundo mostram dados da pesquisa Ipec divulgada nesta terça-feira (11/4). O levantamento mostra também que 30% dos brasileiros classificam o terceiro mandato do petista como regular, enquanto outros 26% o classificam como ruim ou péssimo. Não sabem ou não responderam são 6%.

Em comparação com a pesquisa anterior, divulgada em 19 de março, a avaliação de ótimo ou bom da gestão petista oscilou dois pontos percentuais para baixo, saindo de 41% para 39%. Por outro lado, a reprovação oscilou dois pontos para cima, de 24% para 26%. O levantamento é divulgado em meio às comemorações de 100 dias de governo do petista, completados nessa segunda-feira (10/4).

O levantamento foi realizado entre os dias 1º e 5 de abril e ouviu 2 mil pessoas em 128 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança da pesquisa é de 95%.

A avaliação de ótima/boa da gestão de Lula é mais expressiva entre os eleitores que vivem na Região Nordeste, com 55%, seguida por aqueles que têm renda familiar de até 1 salário mínimo (53%), menos escolarizados (47%) e católicos (48%).

Em contrapartida, o governo tem avaliação ruim ou péssima entre residentes na Região Sul (44%), brasileiros com renda familiar superior a 5 salários-mínimos (37%), evangélicos (35%) e pessoas com renda de mais de 2 a 5 salários mínimos (33%).

O Ipec também perguntou aos entrevistados se eles aprovam ou não a maneira como o presidente Lula governa. O resultado foi:

Aprova: 54%
Desaprova: 37%
Não sabe/Não respondeu: 9%

Na pesquisa anterior, Lula tinha 57% de aprovação e 35% de desaprovação.

Confiança no presidente – A pesquisa divulgada nesta terça também questionou se os entrevistados confiam no presidente. Ipec mostra que 52% dos brasileiros confiam e outros 44% disseram não confiar. No levantamento anterior, 53% diziam confiar e 43% afirmavam não confiar.

PF descobre documento que liga ex-ministro da Justiça aos bloqueios da PRF no 2° turno

As investigações da Polícia Federal (PF) sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado no país descobriram um documento de inteligência, produzido pelo ex-ministro da Justiça Anderson Torres, com mapa detalhado dos locais onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceu o primeiro turno das eleições de 2022. Segundo a apuração da PF, o objetivo era impedir que os eleitores dessas regiões votassem na segunda etapa do pleito, em 30 de outubro.

A informação foi divulgada, ontem, pelo jornal O Globo. O relatório teria sido produzido pela então diretora de Inteligência do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a delegada federal Marília Alencar, que, posteriormente, se juntou a Torres na Secretaria de Segurança do Distrito Federal como subsecretária de Inteligência.

Para os investigadores, o material elaborado por Marília serviu para que o ex-ministro colocasse em prática um plano para atrapalhar a votação e autorizou a operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no segundo turno da corrida presidencial. Em 30 de outubro, eleitores de municípios do Nordeste — onde Lula teve mais votos do que Jair Bolsonaro — usaram as redes sociais para denunciar ações da PRF, nas estradas da região, para retardar o trânsito rumo às zonas de votação.

Foram, centenas de denúncias de barricadas da PRF em vários pontos para causar a retenção da movimentação de veículos. A PF abriu um inquérito para investigar a atuação de Silvinei Vasques, então diretor-geral da PRF, no caso — os bloqueios foram suspensos depois que ele foi ameaçado de prisão pelo ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). É também averiguada a conduta omissa de Silvinei nos bloqueios de rodovias federais por bolsonaristas.

O avanço das investigações complica a situação de Anderson Torres. Ele está preso desde os atos terroristas de 8 de janeiro, em Brasília, e, em sua casa, a PF encontrou a minuta golpista — que, em depoimento, ele classificou como “lixo”. O documento defendia a decretação de Estado de Defesa no TSE para mudar o resultado da eleição presidencial e dar a vitória a Bolsonaro.

Dossiê – Citada na investigação sobre a elaboração de um golpe de Estado, Marília chefiou a Diretoria de Inteligência da Secretaria de Operações Integradas (Seopi) do Ministério da Justiça e Segurança Pública, durante o governo Bolsonaro. Em 2020, ela elaborou o chamado “dossiê antifascista”, com informações sobre servidores identificados críticos às ideias de Bolsonaro.

O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF). Os integrantes da Corte consideraram o dossiê um “desvio de finalidade no uso da máquina pública para produção e compartilhamento de informações” sobre servidores que se opunham ao governo Bolsonaro. À época, o Ministério da Justiça tinha à frente o hoje ministro do STF André Mendonça.

Marília foi convocada a depor na CPI dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Questionada sobre suas simpatias pelo ex-presidente, ela negou que seja bolsonarista. “Não me considero nada. Tenho meu voto, que é secreto. As minhas convicções políticas não interferem no meu trabalho e não estão em questão”, argumentou.

Em janeiro, a delegada já tinha sido ouvida pela PF. O deputado distrital Chico Vigilante (PT), presidente da CPI, destaca a ligação de Marília com Torres. “Ela fazia parte da equipe desde o Ministério da Justiça. Portanto, para mim, está claro, pelo que tem surgido de matérias e outras informações, que eles tentaram atrapalhar as eleições, planejaram dificultar a chegada dos eleitores nas urnas. E, depois, quando falharam nesse objetivo, se aliaram para dar um golpe”, disse.

Bolsonaro vetou projeto que garantia psicólogos nas escolas

O presidente Jair Bolsonaro (PL) vetou integralmente projeto de lei que previa atendimento por psicólogos e assistentes sociais nas escolas públicas de educação básica.
 

O PL 3688/00, relatado pela deputada Jandhira Feghali (PCdoB-RJ), havia sido aprovado em setembro de 2019. Previa o atendimento por profissionais dessas áreas para alunos do ensino fundamental e médio para buscar a melhoria nos processos de aprendizagem e na relação entre os estudantes.
 

Como mostrou a Folha de S.Paulo, um documento do Ieps (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde) e do Instituto Cactus constatou que a saúde mental de crianças e adolescentes piorou com a pandemia de Covid-19 e que os casos de violência escolar também têm aumentado. As políticas públicas de enfrentamento a este fenômeno, no entanto, estão muito aquém das necessidades.
 

Ao vetar a proposta, Bolsonaro argumentou que ela era inconstitucional e contrária ao interesse público.
 

“A propositura legislativa, ao estabelecer a obrigatoriedade de que as redes públicas de educação básica disponham de serviços de psicologia e de serviço social, por meio de equipes multiprofissionais, cria despesas obrigatórias ao Poder Executivo, sem que se tenha indicado a respectiva fonte de custeio, ausentes ainda os demonstrativos dos respectivos impactos orçamentários e financeiros”, acrescentou o então presidente na justificativa.
 

Na segunda-feira (27), um adolescente de 13 anos matou a facadas uma professora de 71 na escola estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo. Elisabeth Tenreiro era professora de ciências e foi golpeada pelas costas.
 

O aluno agressor era novato na escola. Foi transferido para lá no início de março, após uma funcionária do colégio anterior registrar um boletim de ocorrência relatando comportamento agressivo do estudante, que vinha “postando vídeos comprometedores, por exemplo, portando uma arma de fogo e simulando ataques violentos”.
 

Apesar desse histórico, o secretário estadual de Educação, Renato Feder afirma que a nova escola “foi pega desprevenida”.

Dengue dispara no Brasil e governo Lula anuncia centro de emergência

Com o aumento de casos de dengue, chikungunya e zika no país, o Ministério da Saúde instalou um Centro de Operações de Emergências Arboviroses, com o objetivo de elaborar estratégias de controle e redução de casos graves e óbitos.

O alerta ocorre pelo aumento dos registros dessas doenças, como os casos de dengue, que cresceram 43,8% até março deste ano, quando comparado ao mesmo período do ano passado. As notificações de chikungunya aumentaram 97%. 

Em 2022, entre janeiro e o início de março, foram notificados 209,9 mil casos prováveis de dengue. Em 2023, o número saltou para 301,8 mil, no mesmo intervalo de tempo, uma incidência de 141,5 casos por 100 mil habitantes. 

Neste ano, até o momento, já foram notificados 73 óbitos pela doença. Outros 64 seguem em investigação. No mesmo período do ano passado, o total de óbitos confirmados foi de 172.

A região com maior incidência de dengue em 2023 é o Centro-Oeste, com 254,3 casos por 100 mil habitantes, seguida das regiões Sudeste, com 214,7 casos por 100 mil habitantes, e Sul, com 98,2 casos por 100 mil habitantes.

O Espírito Santo foi o estado que mais apresentou aumento de incidência, com 921,7 casos por 100 mil habitantes, seguido de Mato Grosso do Sul, com 432,5 casos por 100 mil habitantes, e de Minas Gerais, com 392,1 casos por 100 mil habitantes. 

Em 2023, também entre janeiro e o começo de março, ocorreram 43 mil casos prováveis de chikungunya, um aumento de 97,1% quando comparado ao mesmo período de 2022. Um óbito foi confirmado este ano no Espirito Santo e outros 13 estão em investigação. Ano passado, no mesmo período, ocorreram 14 mortes. 

“Com o acionamento do COE, a pasta vai monitorar a situação, com ênfase em dengue e chikungunya, para orientar a execução de ações voltadas à vigilância epidemiológica, laboratorial, assistência e controle de vetores. O planejamento das ações e a resposta coordenada serão feitos em conjunto com estados e municípios”, disse a pasta, em nota.

Já em relação ao zika, entre janeiro e o final de fevereiro deste ano, foram notificados 1.194 casos prováveis da doença, um aumento de 35,2% quando comparado ao mesmo período de 2022, quando 883 casos prováveis foram registrados. 

A região Norte do país apresenta, em 2023, a maior incidência da doença, com com 2,8 casos por 100 mil habitantes, seguida das regiões Nordeste, com 1,0 casos por 100 mil habitantes e Sul, com 0,5 casos por 100 mil habitantes.

Como a Folha de S.Paulo mostrou, o Ministério da Saúde está sem estoque de um inseticida utilizado no combate a mosquitos transmissores de doenças e tenta comprar o insumo desde o final de 2021, o que tem prejudicado o abastecimento de estados e municípios. 

O produto é usado no processo de nebulização, o chamado fumacê, para controle do Aedes aegypti, que transmite dengue, zika vírus, chikungunya e febre amarela.

Operação ‘Habeas Pater’: PF cumpre mandados contra desembargador e filho suspeitos de vender sentenças para traficantes

Nesta terça-feira (14), a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação ‘Habeas Pater’ que investiga um desembargador e o seu filho, um advogado, suspeitos de terem ligações com investigados da Operação Flight Level II – ação também deflagrada hoje pela PF em Minas Gerais. O magistrado é acusado de vender sentenças para traficantes.

Os mandados foram expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), como informa a PF em nota. Pai e filho são acusados de cometerem crimes de corrupção ativa e passiva. Caso venham a responder pelos crimes, poderão ser condenados a até 12 anos de prisão.

Segundo o Metrópoles, parceiro do Bahia Notícias, os investigados são o advogado Ravik de Barros Bello Ribeiro, filho do desembargador Cândido Ribeiro, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). A PF faz buscas em um escritório de advocacia na Asa Norte, área nobre de Brasília.

A Polícia Federal cumpre nove mandados de busca e apreensão na cidade de Brasília (DF), sete mandados de busca e apreensão em Belo Horizonte (MG) e um mandado de busca e apreensão em São Luiz (MA).

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